É difícil acreditar, mas a franquia Velozes e Furiosos já foi sobre corridas ilegais, rachas noturnos e rivalidades nas pistas. O primeiro filme, lá em 2001, colocou Dom Toretto e Brian O’Conner em uma trama simples e envolvente, marcada pela adrenalina das ruas de Los Angeles.
Com o passar dos anos, o que era intimista e “pé no chão” virou uma espécie de Vingadores com rodas. De roubo de DVDs a perseguições em Roma com carros blindados e granadas, a franquia escalou de forma tão absurda que hoje muitos fãs mal reconhecem a essência original. E é nesse ponto que entra o problema de Velozes e Furiosos 11.
A promessa de Diesel que ficou presa no retrovisor
Vin Diesel, o rosto, e o coração, por trás da saga, já demonstrou várias vezes o desejo de voltar às origens. Em uma publicação no Instagram, ele falou abertamente sobre seu sonho:
“Quero voltar às corridas de rua, aos truques práticos… e ao reencontro daquela bela irmandade”.
Era o tipo de declaração que faz qualquer fã suspirar e reacender a chama da nostalgia. Só que esse desejo bateu de frente com uma parede de concreto: o final de Velozes e Furiosos 10. O penúltimo filme terminou com um final em aberto gigantesco, colocando Dom e seu filho no meio de uma explosão de barragem, revelando traições internas e derrubando um avião com três personagens importantes a bordo.
Com tantos nós soltos, não há espaço para um retorno tranquilo à velha fórmula de “asfalto + nitro + rivalidade”.
O final caótico de Velozes 10 virou um obstáculo para a simplicidade
Quem acompanha a franquia sabe: Velozes e Furiosos 10 não poupou exageros. De perseguições em Roma até reviravoltas dignas de novela, o longa amarrou praticamente as mãos de qualquer tentativa de retomada às raízes. Afinal, como criar um clima de “corrida no bairro” se a trama precisa primeiro resolver uma explosão em larga escala, traições governamentais e personagens teoricamente mortos?
O grande problema é que o roteiro de Velozes e Furiosos X exigirá um início explosivo em Velozes e Furiosos 11, cheio de respostas e ação. Isso acaba engessando qualquer chance de um filme mais contido, realista ou emocional. A história precisa continuar de onde parou e isso significa: mais caos, mais adrenalina e menos espaço para nostalgia.
Existe uma brecha, mas ela é apertada como um carro em fuga
Mesmo com esse cenário caótico, há quem acredite que ainda haja espaço para uma virada. A única possibilidade de cumprir a promessa de Vin Diesel seria resolver todos os conflitos de Velozes 10 no primeiro ato do novo filme. Algo bem direto, quase como “amarrar as pontas soltas com zip-tie”.
Feito isso, o segundo e terceiro atos poderiam, sim, voltar a algo mais simples. Corridas, reencontros e uma despedida digna das origens. A pista está aberta para isso, mas o tempo é curto. Como último filme da saga, Velozes e Furiosos 11 precisa agradar a todos: quem quer ação de blockbuster e quem sente falta das noites em Tóquio, dos rachas em Miami e da família reunida na garagem.
O carro icônico que reacende a esperança dos fãs
Há ainda outro detalhe que deixou os mais atentos empolgados: Vin Diesel já mencionou que o lendário Chevrolet Chevelle SS 454, o carro preto clássico do Dom, estará de volta. Para muitos, esse é um sinal claro de que a produção quer, ao menos simbolicamente, reconectar a história às suas origens.
O retorno do carro pode não parecer grande coisa para quem só conhece os filmes recentes, mas para quem acompanha desde o início, ele representa o elo emocional com o passado. Um lembrete de que, apesar de todo o espetáculo, Velozes e Furiosos sempre foi sobre laços, perdas e velocidade. Não é só um carro, é um personagem.
Velozes e Furiosos 10 está disponível na Netflix.