Desde 2001, a franquia Velozes e Furiosos se reinventou inúmeras vezes, saindo das ruas de Los Angeles para se tornar um fenômeno global de bilheteria. Ao longo dos anos, ganhou escala, investiu em astros de ação e se consolidou como uma das marcas mais lucrativas da Universal.
No entanto, todo império chega a um ponto de desgaste, e com essa franquia não parece ser diferente. Após dez filmes principais, derivados e participações especiais, o público começou a demonstrar sinais de fadiga. É neste cenário que surge a grande dúvida: o capítulo final realmente vai acontecer ou a história de Dom Toretto corre o risco de terminar em um enorme ponto de interrogação?
A partir de Velozes & Furiosos 5: Operação Rio, a saga se tornou um gigante do cinema de ação, com cenas cada vez mais grandiosas. O auge veio com Velozes e Furiosos 7 e 8, ambos ultrapassando a marca de US$ 1 bilhão. Porém, os anos seguintes mostraram uma queda no interesse do público, e os resultados dos filmes 9 e 10 acenderam o alerta de que o investimento já não retorna como antes.
O décimo filme foi pensado como a primeira parte de um final épico dividido em duas partes. Ele termina com um grande gancho, deixando Dom e seu filho em perigo após uma explosão causada pelo vilão Dante. A expectativa era de que Velozes e Furiosos 11 resolvesse esse desfecho, mas até agora o longa sequer tem data de lançamento oficial, o que aumenta a preocupação dos fãs.
Universal hesita em seguir com o filme
Apesar de não ter sido um fracasso, Velozes e Furiosos 10 custou caro. A produção teria ultrapassado US$ 340 milhões de orçamento e, mesmo arrecadando US$ 704 milhões, não foi o suficiente para gerar lucro. Para se pagar, o filme precisava ultrapassar US$ 850 milhões – valor que não alcançou. Com isso, a Universal passou a adotar uma postura mais cautelosa em relação ao próximo capítulo.
Segundo o The Wall Street Journal, o grande obstáculo para Velozes e Furiosos 11 é o orçamento. O roteiro inicial exigiria algo em torno de US$ 250 milhões, mas o estúdio só aceita produzir se o valor ficar em no máximo US$ 200 milhões. Isso inclui cortes no número de locações internacionais e na participação de parte do elenco, que é um dos mais numerosos de Hollywood.
Há ainda o desafio de equilibrar essa redução com o retorno de nomes como Dwayne Johnson e Gal Gadot, que estavam sendo cotados para reprisar seus personagens. Diminuir papéis ou excluir personagens pode impactar diretamente a estrutura da história, que tradicionalmente gira em torno da “família” de Dom Toretto.
Vin Diesel também é parte do problema e da solução
Vin Diesel sempre liderou a franquia criativamente e já compartilhou diversas ideias sobre o encerramento da saga. Ele quer entregar algo grandioso aos fãs, mas sua visão pode colidir com os limites impostos pelo estúdio. O ator já fez anúncios públicos sobre o filme, mas grande parte deles ainda não saiu do papel por falta de um roteiro finalizado.
Em 2024, ele publicou uma arte conceitual do longa nas redes sociais e o descreveu como uma “road trip americana”. Essa abordagem poderia ser uma alternativa mais barata, com filmagens dentro dos Estados Unidos, permitindo que Dom e seu filho cruzem o país em busca do restante da equipe. A ideia reduz custos internacionais e mantém o espírito de jornada, algo que conversa com o início da franquia.
No ano seguinte, durante o evento FuelFest 2025, Diesel afirmou que tinha três condições para aceitar o filme: estreia em abril de 2027, retorno das corridas de rua em Los Angeles e a volta de Brian O’Conner, personagem de Paul Walker. No entanto, essas exigências não teriam sido confirmadas pela Universal, o que indica que o ator pode ter agido mais para empolgar o público do que oficializar acordos.
O futuro depende de cortes e de estratégia
Mesmo com a incerteza, cancelar o último filme não parece a decisão mais provável. Velozes e Furiosos ainda é uma das maiores franquias da Universal, e há interesse em continuar esse universo por meio de derivados e até séries. A questão é como tornar Velozes e Furiosos 11 viável financeiramente sem comprometer a essência do que a saga representa.
Além disso, Diesel é extremamente ligado à história de Dominic Toretto. É difícil imaginar que ele aceite encerrar a franquia com um final em aberto, especialmente após deixar os personagens em perigo no último filme. Se for necessário fazer ajustes no roteiro ou reduzir cenas de ação exageradas, ele pode estar disposto a negociar.
A verdade é que os excessos recentes afastaram parte do público. As cenas cada vez mais irreais transformaram a franquia em algo quase paródico de si mesma. Por isso, uma redução de orçamento pode, na prática, ser um retorno às origens, com mais foco nas corridas, nas relações entre os personagens e na simplicidade que conquistou os fãs no início.