Atenção: Este artigo contém spoilers do início de Um Maluco no Golfe 2.
No primeiro filme de Um Maluco no Golfe, o personagem de Adam Sandler, Happy Gilmore, começa no fundo do poço com a perda da casa da sua avó. Para recuperá-la, ele decide investir no golfe e rapidamente se destaca como jogador de forma completamente caótica. O desfecho é feliz e emocionante para o personagem, que consegue atingir seu objetivo inicial. Gilmore não só recupera a casa, como consegue fama, fortuna e uma carreira profissional no golfe. Ele consegue tirar a avó do asilo e se junta com Virginia.
Quem assistiu Um Maluco no Golfe 2 se decepcionou logo nos primeiros minutos, pois a abertura do filme acaba abruptamente com o final feliz e redondinho do primeiro. O problema é que o roteiro tira Virginia de cena, já que ela morre ao ser atingida acidentalmente por uma tacada de Gilmore.
Com a morte de Virginia, tudo desmorona na vida de Happy e os primeiros momentos do filme não são satisfatórios. Ele mergulha no alcoolismo e se afasta do golfe. Além disso, graças à sua raiva descontrolada, ele perde sua fortuna e a casa. É como se tudo que ele conquistou no primeiro filme rapidamente se desmantelasse.
Para quem é fã dos filmes, como o autor desta matéria, se chocou com o destino de Virginia. Mas, por um lado, tirá-la de cena era totalmente necessário para que o filme funcionasse.
Um novo recomeço para Happy Gilmore em Um Maluco no Golfe 2
O começo de Um Maluco no Golfe 2 parece muito com o começo do primeiro filme. Ele tem cenas parecidas e até um momento triste envolvendo a perda de um familiar querido por causa de um equipamento esportivo. Essa nova sequência claramente quer fazer o público lembrar do original, ou seja, uma busca pela nostalgia, algo comum em continuações de filmes clássicos.
Mas tem algo mais por trás disso. O personagem de Adam Sandler é engraçado porque ele costuma ser alguém que a gente entende, mas que não se encaixa direito no ambiente em que está. Em Um Maluco no Golfe, isso fica bem claro: Happy é um cara bruto e fã de hóquei, jogando golfe num lugar cheio de regras e gente rica. A graça está nesse contraste. A gente ri dele, mas também com ele em vários momentos e, no final das contas, torcemos pelo seu sucesso.
No final do primeiro Um Maluco no Golfe, a história do personagem principal meio que se completa. Ele finalmente se encaixa no mundo do golfe e não está mais em conflito com tudo ao seu redor. Por isso, para que Um Maluco no Golfe 2 tivesse uma nova história de superação, foi preciso “rebaixar” Happy de novo e colocá-lo numa situação difícil, para que ele tivesse que lutar e subir mais uma vez.
Ao mesmo tempo, a jornada de Happy é baseada em dor e crescimento reais. O filme não força o drama, mas mostra que a raiva de Happy vem da morte de seu pai, que era muito carinhoso e o apoiava. Ao longo da história, vemos Happy lidando com essa dor e se curando aos poucos. Isso dá mais profundidade ao personagem e faz com que ver ele vencer no final seja ainda mais emocionante.
Em Um Maluco no Golfe 2, através da morte de Virginia, Happy tem uma nova ferida para curar e um novo propósito para lutar. Por isso, tirar Virginia, apesar de ser triste, foi a decisão certa para o enredo.
Um Maluco no Golfe 1 e 2 estão disponíveis na Netflix.