Por muitos anos, o blockbuster de Kevin Costner, Waterworld – O Segredo das Águas, de 1995, teve que suportar a reputação de um “fracasso”.
Embora seu alto conceito de uma futura Terra completamente coberta de água fosse altamente único, o filme em si foi detonado pela crítica da época e arrecadou apenas US$ 88 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos (via Box Office Mojo), um número bem abaixo das expectativas da Universal Studios.
Só depois que Waterworld – O Segredo das Águas ganhou uma segunda vida na TV e em DVD é que ele se tornou um marco do cinema dos anos 90 e um grande objeto de nostalgia.
Entre os muitos sinais de seu sucesso de retorno, você pode apontar para o jogo multiplataforma inspirado nele, ou a grande quantidade de mercadorias que gerou, ou a incrivelmente popular atração Waterworld: A Live Sea War Spectacular encontrada nos parques da Universal Studios ao redor do mundo.
Na verdade, hoje em dia, Waterworld – O Segredo das Águas é mais frequentemente lembrado como um longa-metragem da infância subestimado do que como um fiasco.
Os telespectadores mais jovens podem até estar inclinados a se perguntar o que sobre o filme poderia ter sido considerado tão catastrófico, quando na pior das hipóteses é apenas um filme de ação e aventura inofensivo e divertido com alguma construção de mundo interessante.
Há, de fato, um motivo pelo qual Waterworld – O Segredo das Águas foi transformado em um saco de pancadas de Hollywood por anos. Para entender seu fracasso, é preciso levar em consideração um determinado recorde que ele quebrou, que seria superado por Titanic dois anos depois.
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Recorde de orçamento
Até 1995, nenhum filme havia sido confirmado como custando muito mais do que US$ 100 milhões para ser feito.
O maior orçamento de todos os tempos da época, para o filme de Arnold Schwarzenegger, True Lies, foi colocado em algo entre US$ 100 milhões (via Washington Post) e US$ 120 milhões (via Entertainment Weekly) por relatórios.
Portanto, o orçamento final de US$ 175 milhões de Waterworld – O Segredo das Águas não apenas quebrou o recorde: ele realmente o humilhou.
Na verdade, a ideia de investir tanto dinheiro em um filme era tão inédita na época que a Universal não concordou com ela.
De acordo com uma reportagem do Los Angeles Times de 1994, o filme recebeu o sinal verde com um orçamento de US$ 100 milhões, mas ninguém previu o quão difícil seria filmar tantas cenas de ação complexas em mar aberto e manter uma equipe de 500 pessoas em um cenário flutuante na costa do Havaí.
As histórias sobre Waterworld – O Segredo das Águas ultrapassando o orçamento e se tornando uma dor de cabeça para os executivos da Universal começaram a circular muito antes do filme terminar, e o calor nos bastidores tornou-se tão grande que o diretor Kevin Reynolds acabou saindo durante a pós-produção (via SFGATE).
Depois que a Times noticiou que o filme havia inflado para “um orçamento projetado de cerca de US$ 135 milhões e estava duas semanas atrasado”, seu orçamento cresceu ainda mais, terminando na soma de US$ 175 milhões agora listada pelo Box Office Mojo.
Waterworld – O Segredo das Águas chegou aos cinemas em julho de 1995 com um selo pré-carimbado de “grande desastre” e, com certeza, sua receita bruta mundial de US$ 264 milhões não foi suficiente para o estúdio ter sucesso, mesmo que o filme posteriormente tenha se tornado lucrativo em DVD (via Deadline).
O contraste com Titanic é gritante: embora o romance épico de James Cameron tenha quebrado o recorde de orçamento de Waterworld – O Segredo das Águas em US$ 200 milhões, ele também se tornou o filme de maior bilheteria de todos os tempos, título que manteve por mais de 12 anos (via Hollywood Reporter).
No Brasil, Waterworld – O Segredo das Águas está agora disponível na Netflix. Já Titanic faz parte do catálogo do Telecine Play.