Mais de dois anos depois da tragédia que resultou na morte de cinco pessoas durante uma expedição aos destroços do Titanic, o desastre do submersível Titan volta ao centro das discussões com o lançamento de um documentário na Netflix.
Titan: O Desastre da OceanGate, dirigido por Mark Monroe, se propõe a entender os fatores que levaram à implosão da embarcação e aponta falhas graves nos processos de engenharia e monitoramento.
Investigação travada
As investigações começaram imediatamente após a implosão do Titan, com inquéritos conduzidos pela Guarda Costeira dos Estados Unidos e pela Junta de Segurança no Transporte do Canadá.
Como a OceanGate operava nos EUA e partiu de um navio canadense, ambas as nações se envolveram diretamente na apuração, mas, apesar da exposição de documentos e depoimentos inéditos, ainda não há uma definição clara sobre quem deverá responder formalmente pelo acidente.
Apesar da pressão por respostas, até junho de 2025 o relatório final da Marine Board of Investigation não foi divulgado. De acordo com Monroe, o atraso está relacionado à demissão da almirante Linda Lee Fagan, ex-comandante da Guarda Costeira, pois, sem a assinatura da nova liderança, o documento permanece em suspenso.
Apesar da gravidade do ocorrido, nenhuma acusação criminal foi apresentada até agora. O que existe é uma expectativa de processos civis, que estão sendo preparados por familiares das vítimas e antigos funcionários. Todos aguardam a conclusão do relatório da Guarda Costeira para dar andamento aos trâmites legais.
Segundo o diretor Mark Monroe, esse relatório será o gatilho para uma série de processos, caso identifique algum responsável direto. Por enquanto, tudo segue em compasso de espera, o que aumenta a pressão sobre os órgãos envolvidos.
Dúvidas sobre a engenharia
O documentário destaca que a estrutura do submersível utilizava fibra de carbono, um material inovador, mas com comportamento instável sob pressão extrema.
Já em 2019, durante testes iniciais, ruídos incomuns foram detectados na estrutura da embarcação por Karl Stanley, especialista em mergulho profundo. O alerta, no entanto, não teve o devido encaminhamento.
Outro ponto crítico foi o sistema de monitoramento acústico, projetado para identificar fissuras no casco em tempo real. Aparentemente, a equipe da OceanGate ignorava os dados coletados, mesmo quando indicavam o agravamento dos danos a cada mergulho.
A obra também mostra como a OceanGate promoveu seus sistemas de segurança como avançados, quando na prática se mostrou despreparada para lidar com os dados que tinha em mãos. O que era vendido como inovação se transformou no ponto cego fatal da missão.
Titan: O Desastre da OceanGate está disponível na Netflix.