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The Rock pode ganhar o Oscar por sua atuação em Coração de Lutador?

Em sua performance mais surpreendente, Dwayne Johnson deixa para trás o estigma de astro de ação

The Rock pode ganhar o Oscar por sua atuação em Coração de Lutador?

Durante duas décadas, Dwayne Johnson construiu uma imagem pública que entrou no imaginário popular de uma forma que parecia inabalável. Sempre dentro da persona “The Rock“, Johnson conquistou o público nos ringues da WWE e nos blockbusters da Disney e de Hollywood com a imagem do gigante carismático.

Sempre associado a papéis de ação, com muito humor físico e uma presença que dispensava maiores explicações, Dwayne Johnson parecia fadado a viver a mesma caricatura em diferentes histórias.

Esse cenário mudou radicalmente este ano, com o lançamento de Coração de Lutador. Ao assumir o papel real de Mark Kerr, astro do MMA dos anos 1990, Johnson surpreende com uma entrega emocional que simplesmente não existia em sua carreira até agora.

A virada de Johnson em cena

Em vez do herói infalível, encontramos um homem real, cheio de falhas e dúvidas, lutando fora do octógono tão fortemente quanto luta dentro. Johnson mergulha em um personagem complexo, de camadas profundas, que vive uma luta constante contra vícios, pressões, expectativas e um relacionamento tóxico.

O mais irônico é que justamente o personagem que é um lutador de MMA (assim como Johnson é de WWE), e tinha tudo para ser personificado por The Rock, é o papel que trouxe à tona o verdadeiro ator que existia ali, com uma entrega que emociona pela sinceridade e pela vulnerabilidade.

Essa diferença entre “The Rock” e “Dwayne Johnson” fica evidente ao longo do filme. O público finalmente enxerga o ator além da persona que o consagrou, encontrando um intérprete capaz de protagonizar um drama intenso e convincente. É essa ruptura que coloca seu nome, pela primeira vez, em uma conversa séria sobre premiações.

Ele não apenas entrega uma atuação surpreendente para “o nível The Rock”. Aqui, Johnson quebra barreiras com uma performance que é realmente surpreendente e digna de entrar no debate sobre as estatuetas.

A força do conjunto

O mérito não é só individual. Ao lado de Emily Blunt, como Dawn Staples, Johnson cresce ainda mais, construindo uma relação que sustenta o coração do filme. A direção de Benny Safdie também potencializa esse resultado, ao escolher técnicas de filmagem que deixaram a entrega ainda mais intensa, criando uma estética crua que reforça as fragilidades dos personagens.

Até a trilha sonora contribui para essa atmosfera, funcionando como extensão da narrativa e intensificando o peso dramático de cada cena. O conjunto faz com que a performance de Johnson não apareça isolada, mas sim inserida em uma obra que favorece seu melhor trabalho como ator.

Do caricato ao premiado?

O público, assim como Hollywood, sempre viu Johnson como um astro de bilheteria. Filmes como Jumanji, Moana e até os mais antigos da Disney, como Treinando o Papai e O Fada do Dente, mostraram seu carisma, mas nunca testaram seus limites como intérprete. O mesmo aconteceu nos inúmeros filmes de ação que ele protagonizou, sempre sendo o “grandão carismático”. 

Em Coração de Lutador, apesar de ser esse tipo de personagem, isso acontece porque o filme pede, não porque é tudo que ele consegue entregar. Essa diferença fica evidente no peso de sua atuação. Ele ainda é gigante e carismático, com um coração enorme, mas aqui existe profundidade e uma entrega emocional que ainda não havíamos visto. 

É difícil cravar uma estatueta em premiações, pois isso depende de muitos fatores externos, mas é possível arriscar o palpite de que pelo menos a indicação vai acontecer. Pela primeira vez, Johnson entrega um papel que realmente o coloca na disputa, e essa diferença entre The Rock, o astro de ação, e Dwayne Johnson, o ator dramático, é justamente o que coloca ele no páreo.

Coração de Lutador está disponível nos cinemas.

 
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