
A estreia de The Old Guard 2 marca um novo capítulo para a franquia da Netflix, mas não necessariamente para a narrativa que inspirou os filmes. Com o segundo longa, a adaptação se distancia de vez da obra original criada por Greg Rucka e Leandro Fernandez, encerrando sua trama com escolhas que rompem com os rumos estabelecidos nos quadrinhos.
A produção avança seis meses após os eventos do primeiro filme e traz de volta Andy, agora lidando com a perda de seus poderes e com a reaparição de Quynh, sua antiga companheira. Ao lado dela surge Discord, a primeira imortal da história, introduzida exclusivamente para o universo cinematográfico.

Final desconexo da obra original
O desfecho do segundo filme mostra Andy perdendo toda sua equipe para Discord, que planeja recuperar sua imortalidade ao capturar e torturar os outros personagens.
Joe, Nicky, Nile e Tuah são feitos reféns, e o destino de Copley é deixado em aberto. Com a morte de Booker e a traição de Quynh ainda ecoando, a protagonista se vê isolada.
Esse encerramento, que funciona como um grande gancho para o terceiro filme, se distancia da conclusão dos quadrinhos, onde a narrativa fecha arcos com maior coerência e sem deixar os protagonistas tão fragilizados.
Além disso, a introdução de personagens como Discord e a transformação de Quynh em antagonista distorcem o papel original das personagens.
Embora os quadrinhos explorem com profundidade as relações entre os imortais e o peso de suas escolhas, o segundo longa opta por forçar conflitos e reviravoltas dramáticas sem desenvolver suas consequências.
A construção de Quynh como vilã apenas para ser redimida ao final não encontra paralelo nas HQs e compromete seu arco.

Continuidade planejada para os cinemas
Com o terceiro filme já sendo preparado, a trama agora se concentra no confronto entre Andy e Discord. A protagonista encontra registros antigos deixados por Tuah que podem revelar formas de derrotar a antagonista, enquanto Quynh se junta a ela em uma jornada de redenção.
Essa tentativa de ampliar a mitologia dos imortais foi um dos pontos altos da sequência, mas também serviu para romper com o que já estava estabelecido. A revelacão de que Nile é a “última imortal” e que possui a habilidade de tornar outros mortais nunca existiu nas HQs, sendo mais um elemento criado para justificar os rumos da franquia na Netflix.
Outro fator que diferencia os filmes é a ausência de continuidade criativa. O terceiro longa deve contar com um novo diretor, já que Victoria Mahoney não deve retornar. Essa mudança pode impactar ainda mais o tom da história e sua coerência com o material original.
Ao encerrar o segundo filme com uma divisão tão clara entre heróis e vilões, a adaptação abandona a ambiguidade moral que guiava os personagens nas HQs. O resultado é uma conclusão que pode agradar quem busca emoção rápida, mas que perde a profundidade e a identidade da narrativa original.