
Desde o primeiro filme, Premonição sempre apostou em mortes criativas e personagens difíceis de simpatizar. A lógica era clara, pois quanto mais irritante o personagem, mais satisfatória a eliminação.
Ao longo dos anos, essa fórmula funcionou muito bem, mas Laços de Sangue, sexto filme da franquia, rompe com esse padrão e surpreende ao fazer o público torcer contra o instinto mais básico da saga: querer ver a próxima vítima morrer.
É essa mudança de perspectiva que torna o novo filme tão diferente dos demais. Ao invés de apenas repetir a fórmula, o longa apresenta uma trama mais emocional, focada na tentativa coletiva de proteger uns aos outros e não apenas na luta individual pela sobrevivência.
Pela primeira vez, queremos que eles vivam
Laços de Sangue começa com uma premonição nos anos 1960 e salta para o presente, acompanhando os descendentes da mulher que enganou a Morte no passado.
Eles não estavam no local do desastre original, nem tinham ideia de que estavam marcados. A consequência disso é uma sensação de injustiça que nunca esteve tão presente em um filme da franquia.
A família Campbell é o centro da história, e pela primeira vez o público se vê emocionalmente envolvido com os personagens. Quando Stefani percebe que sua família está sendo caçada, ela tenta convencer os parentes a levarem a ameaça a sério.
A resistência inicial dá lugar à união, e o que se segue é uma tentativa desesperada de salvar uns aos outros, algo raro em um universo onde o individualismo costuma prevalecer.
Mesmo Erik, que descobre estar fora da linhagem e, portanto, tecnicamente seguro, insiste em proteger o irmão Bobby. Esse gesto, que poderia soar forçado em outros filmes, aqui funciona como parte de uma narrativa mais madura, que enfatiza o valor dos laços afetivos em meio ao caos.
Menos vilões, mais tragédia
Outro ponto que diferencia Laços de Sangue dos filmes anteriores é a ausência de personagens odiosos. Com exceção de um garoto insuportável na cena inicial, todos os demais têm alguma humanidade. O filme não provoca aquela expectativa mórbida de “quem será o próximo”, mas sim uma tensão crescente, baseada no medo da perda.
O efeito disso é um impacto real quando os acidentes começam. A morte deixa de ser apenas espetáculo e se torna algo trágico. A sequência em que Erik tenta salvar Bobby, e ambos acabam vítimas de um acidente grotesco envolvendo um aparelho de ressonância magnética, exemplifica bem essa nova abordagem.
Ainda há espaço para as mortes mirabolantes que marcaram a série, com quedas, explosões e peças voando em velocidades absurdas, mas a reação a elas muda. O riso nervoso cede lugar à compaixão.
A despedida definitiva?
Laços de Sangue não nega o que a franquia sempre foi, mas opta por mostrar que há espaço para evolução mesmo em séries conhecidas por sua fórmula repetitiva.
O sexto filme honra o legado dos anteriores enquanto propõe algo novo ao fazer o público lamentar cada morte e repensar o que realmente assusta nesse universo.
Em vez de apenas reforçar o destino inevitável, Premonição 6 convida o espectador a olhar para a vida e essa pode ser sua virada mais poderosa até agora. Não à toa, o longa é a produção mais bem avaliada de toda a franquia.
Premonição: Laços de Sangue está em cartaz nos cinemas.