Quem cresceu vendo Superman nos quadrinhos, nas telas ou mesmo nas animações da infância, sabe que ele sempre foi sinônimo de poder, esperança inabalável e otimismo.
Não era só sobre voar ou desviar balas com o peito, era sobre ser um ideal, uma mensagem. Agora, com o novo filme dirigido por James Gunn, parece que essa construção está sendo reconfigurada, e isso tem mexido com muita gente.
No mais recente trailer, David Corenswet surge como o novo Homem de Aço – e já se mostra uma excelente escolha para o papel –, mas o que chama atenção mesmo é a forma como o personagem têm sido apresentado: ferido, cansado e, em alguns momentos, derrotado.
A fragilidade física e emocional, demonstrada nos cortes da entrevista que ele dá para Louis Lane, toma conta de cenas que, em qualquer outro momento da história da DC, pareceriam improváveis.
Um herói em ruínas
Desde o primeiro teaser, a ideia de desconstrução ficou clara. A abertura, com o herói caído na neve, incapaz de seguir sozinho e precisando da ajuda do Krypto, foi um choque. Em vez de nos inspirar com um gesto grandioso, ou uma demonstração de força inigualável, os trailers começam nos mostrando um Superman que sangra.
Em uma sequência inédita exibida antes de “Minecraft: O Filme”, o cenário não melhora. Robôs com bastões elétricos conseguem dominá-lo com facilidade. Para quem acompanhou versões anteriores do personagem, como Christopher Reeve, Henry Cavill, Tom Welling, ou até Tyler Hoechlin em Superman & Louis, ver esse tipo de vulnerabilidade é, no mínimo, estranho.
James Gunn, no entanto, não está apenas tentando ir na contra-mão do esperado. Em uma sessão de perguntas e respostas, ele explicou que essa escolha é deliberada: o Superman ferido representa a bondade humana sitiada, desacreditada, mas ainda viva.
Ver Superman sangrar, gritar, se emocionar e, ao final, ter que justificar suas ações para salvar vidas, deixa de ser apenas uma quebra de expectativa e passa a ser uma declaração sobre o mundo em que vivemos.
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Reconfigurando o equilíbrio do DCU
Há também uma lógica de construção de universo nessa decisão. Um Superman invencível tende a desequilibrar qualquer narrativa compartilhada – e a DC sabe muito bem disso.
Reduzindo sua força, James Gunn abre espaço para outros personagens brilharem. Assim, faz sentido ver heróis como o Lanterna Verde ou membros da nova Liga da Justiça atuando lado a lado.
Isso corrige um problema que já apareceu antes. Em Liga da Justiça de 2017, toda a tensão construída foi por água abaixo assim que Superman entrou em cena. Ele resolveu a batalha em minutos, tirando o peso narrativo dos demais.
Para quem acompanha o Superman desde sempre, essa abordagem pode parecer um risco, mas talvez seja a chance de reconectar o personagem com uma nova geração.
Ao mostrar um herói que não é perfeito, mas que insiste em fazer o certo mesmo quando está caído, o filme pode recuperar a essência mais pura do Superman: aquela que acredita no melhor das pessoas.
David Corenswet tem nas mãos uma missão delicada. Ele precisa convencer o público de que Clark Kent ainda é relevante, mesmo quando o mundo parece não acreditar mais nele. E pelo que o trailer mostra, ele tem tudo para conseguir.
Superman chega aos cinemas em 10 de julho de 2025.
