Reações intensas

Os filmes mais polêmicos de 2025 (até agora)

O fenômeno é impulsionado pelas redes sociais, onde rumores sobre bastidores turbulentos se espalham em questão de horas

Cena do filme Pecadores
Cena do filme Pecadores

Nenhum filme é capaz de agradar a todos, por mais que as estratégias de marketing de quatro quadrantes de Hollywood se esforcem para alcançar o maior público possível. Ainda assim, algumas produções conseguem ir além da simples divisão de opiniões: deixam parte da audiência irritada, ofendida ou completamente perplexa com o que foi visto. Em certos casos, as reações intensas geradas superam o próprio conteúdo do longa, transformando a recepção do público em notícia.

O fenômeno é impulsionado pelas redes sociais, onde rumores sobre bastidores turbulentos se espalham em questão de horas. Mesmo filmes amplamente elogiados ou produções tão medianas que não despertariam grandes paixões podem, por razões muitas vezes alheias ao roteiro ou à direção, se tornar alvos de controvérsia. O resultado são debates acalorados, alimentados por teorias, indignações e polêmicas que ganham mais atenção do que o próprio enredo.

Ao longo de 2025, diversos títulos entraram nesse turbilhão. De documentários que abordam temas políticos inflamáveis a blockbusters familiares que, mesmo tentando agradar a todos, acabaram se envolvendo em guerras culturais, não faltaram exemplos de filmes que incendiaram o debate público. Em alguns casos, o conflito veio de fora das telas, com escândalos envolvendo atores ou diretores, e em outros, a própria abordagem do filme foi suficiente para acender o estopim.

Seja por escolhas criativas ousadas, representações polêmicas ou por estarem ligados a casos reais que sensibilizam a sociedade, esses filmes geraram mais do que entretenimento, provocaram reflexão, críticas ferozes e, principalmente, discussão. A seguir, uma seleção dos filmes que mais dividiram opiniões e dominaram as conversas em 2025 até agora.

Branca de Neve

Branca de Neve

Atrasada em um ano devido à greve do sindicato SAG-AFTRA em 2023, a versão live-action de Branca de Neve, produzida pela Disney, tem sido alvo de polêmicas desde o início. A protagonista Rachel Zegler enfrentou duras reações por ser uma atriz latina interpretando um clássico personagem europeu, além de declarações feministas críticas ao filme original de 1937. Suas posições políticas anti-Trump e pró-Palestina também geraram controvérsia, tornando-se um incômodo para o produtor Marc Platt, cujo filho, Jonah, classificou a postura de Zegler como “narcisista”.

Do outro lado do espectro político, a escolha da atriz israelense Gal Gadot para viver a Rainha Má também despertou críticas. A Campanha Palestina para o Boicote Acadêmico e Cultural de Israel chegou a pedir um boicote ao filme, reforçando o ambiente de tensão e polarização em torno da produção, que passou a ser alvo de disputas ideológicas antes mesmo de seu lançamento.

Os Sete Anões não escaparam das discussões. O ator Peter Dinklage criticou o projeto desde o início, questionando a decisão de retrabalhar uma história que, segundo ele, perpetua estereótipos. Sua opinião, no entanto, foi contestada por outros atores com nanismo, que viram na produção uma oportunidade de inclusão. A polêmica aumentou quando fotos de bastidores mostraram personagens diferentes sendo mal interpretados como substitutos dos anões. No produto final, os anões foram recriados por CGI — e, embora o termo “anão” não seja usado no filme, os efeitos visuais foram amplamente criticados por sua má qualidade.

No fim, a percepção de um filme visualmente fraco parece ter superado as controvérsias políticas e culturais. Lançada em 2025, a nova Branca de Neve amargou um fracasso de bilheteria, com o público rejeitando tanto o resultado estético quanto o desgaste provocado pelas inúmeras polêmicas que cercaram a produção ao longo dos anos. Já disponível no Disney+.

Sem Chão (No Other Land)

Sem Chão (No Other Land)

Sem Chão (No Other Land), documentário codirigido por dois palestinos (Basel Adra e Hamdan Ballal) e dois israelenses (Yuval Abraham e Rachel Szor), acompanha a campanha contra a demolição das aldeias palestinas de Masafer Yatta, na Cisjordânia. Após uma corrida qualificatória de uma semana em 2024, o filme conquistou o Oscar de Melhor Documentário. No entanto, sua estreia comercial completa só ocorreu em 2025, por meio de uma distribuição independente, já que nenhum estúdio norte-americano se dispôs a licenciar o título.

A repercussão política em torno da obra foi intensa desde sua estreia na Berlinale. O discurso de aceitação de um dos diretores judeus foi absurdamente classificado como “antissemita” por autoridades do governo alemão. O ministro da Cultura de Israel, Miki Zohar, condenou o filme por suas críticas diretas ao governo israelense. Já nos Estados Unidos, o prefeito de Miami Beach, Steven Meiner, chegou a ameaçar cancelar o contrato de um teatro de arte que exibiria o documentário.

A polêmica também veio da própria causa que o filme defende: a Campanha Palestina para o Boicote Acadêmico e Cultural de Israel posicionou-se contra a obra, alegando que a colaboração com diretores israelenses “normaliza” a ocupação — crítica que muitos moradores de Masafer Yatta rejeitam, defendendo o projeto como um ato de resistência conjunta.

A controvérsia atingiu um novo ápice em 24 de março de 2025, quando o codiretor Hamdan Ballal foi agredido por colonos israelenses e, em seguida, detido pelas Forças de Defesa de Israel. Ele foi libertado no dia seguinte, mas o episódio aumentou a pressão sobre a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que hesitava em se pronunciar publicamente sobre a situação. A organização só se manifestou após mais de 800 membros exigirem um posicionamento oficial em defesa do premiado documentário. Já disponível no Prime Video.

Capitão América: Admirável Mundo Novo

Capitão América: Admirável Mundo Novo

Capitão América: Admirável Mundo Novo é mais um filme de 2025 que chegou cercado por controvérsias muito antes de estrear. Desde que Sam Wilson (Anthony Mackie) foi anunciado como sucessor do manto do Capitão América, a produção enfrentou ataques de grupos racistas nas redes sociais. No entanto, as críticas não vieram apenas desse segmento: ao longo de várias refilmagens e sucessivos adiamentos, diferentes grupos expressaram insatisfação com rumos criativos e decisões políticas do filme.

O título original, Capitão América: Nova Ordem Mundial, alimentou teorias da conspiração e receios sobre mensagens ocultas. Outro ponto sensível envolveu a personagem Sabra, interpretada por Shira Haas. Nos quadrinhos, ela é uma agente do Mossad; no filme, foi reimaginada como uma ex-Viúva Negra israelense. A mudança desagradou tanto defensores de Israel quanto críticos da ocupação palestina, transformando o filme em novo alvo de campanhas de boicote.

Além disso, Anthony Mackie foi criticado após uma declaração durante um evento na Itália, em que minimizou a ideia do Capitão América como símbolo dos Estados Unidos. A repercussão foi rápida, levando o ator a publicar um esclarecimento nas redes sociais com um tom mais patriótico, tentando conter os danos.

Com a estreia, Admirável Mundo Novo recebeu críticas predominantemente mistas para negativas. O desfecho do filme, em que o novo Capitão América perdoa o presidente Ross (Harrison Ford) apesar de seus abusos de poder, gerou incômodo entre os críticos, que apontaram a tentativa do longa de adotar uma postura “apolítica” diante de questões claramente políticas. No fim, a neutralidade buscada pela Marvel acabou alienando diferentes setores do público. Já disponível no Disney+.

Lilo e Stitch

Lilo e Stitch

Os remakes live-action da Disney continuam presos entre o desejo de fidelidade aos clássicos e a pressão por atualizações narrativas. Ficar muito próximo do original levanta questionamentos sobre a necessidade da nova versão; mudar demais, por outro lado, provoca a ira dos fãs. O novo Lilo e Stitch, lançado em 2025, tornou-se mais um exemplo desse impasse, especialmente por alterar significativamente o final da história — o que dividiu opiniões (para dizer o mínimo).

No filme animado de 2002, Nani (Tia Carrere) luta com todas as forças para manter a tutela de sua irmã mais nova, Lilo (Daveigh Chase), diante da ameaça de intervenção do governo. Já no remake, Nani (Sydney Elizebeth Agudong) toma a decisão de colocar Lilo (Maia Kealoha) em um orfanato para poder cursar a faculdade na Califórnia. Alguns defensores do novo desfecho argumentam que a nova mãe adotiva de Lilo (Amy Hill) já fazia parte de seu “ohana” — conceito havaiano que valoriza os laços familiares não convencionais. No entanto, muitos espectadores interpretaram a mudança como uma alegoria desconfortável: num contexto histórico em que o governo dos Estados Unidos separou sistematicamente famílias indígenas, a mensagem final do remake soou, para alguns, como a legitimação da ideia de que “o Estado sabe o que é melhor”.

Outro ponto que gerou controvérsia foi a reformulação do personagem Pleakley. No original, dublado por Kevin McDonald, Pleakley frequentemente usava roupas femininas com naturalidade e humor, sendo considerado um símbolo queer querido por muitos fãs. Na nova versão, interpretado por Billy Magnussen, o alienígena passa a usar tecnologia para se disfarçar como um homem humano comum, eliminando esse aspecto do personagem. Embora o corte de elementos alienígenas possa ser atribuído a restrições orçamentárias, a explicação vaga do diretor Dean Fleischer Camp — “Eu tentei” — publicada via TikTok, apenas alimentou as suspeitas de que a Disney estaria deliberadamente reduzindo a representação LGBTQIA+ em seus conteúdos.

A resposta ao remake mostra que o público não apenas busca nostalgia nos relançamentos da Disney, mas também espera que as novas versões respeitem e ampliem os temas sensíveis e culturais presentes nos originais. Ao tentar reformular Lilo e Stitch sem considerar plenamente essas camadas, o estúdio acabou reacendendo debates sobre representação, identidade e responsabilidade cultural em narrativas que, embora infantis, têm profundo impacto simbólico. Disponível nos cinemas.

Outro Pequeno Favor

Outro Pequeno Favor

Outro Pequeno Favor, sequência direta do thriller de 2018 disponível no Prime Video, traz de volta Anna Kendrick como a escritora e mãe blogueira Stephanie Smothers e Blake Lively como a enigmática e criminosa Emily Nelson — além de um terceiro personagem que promove mais uma reviravolta típica da franquia. O reencontro das duas protagonistas gerou expectativa, mas também alimentou rumores, especialmente diante das polêmicas recentes envolvendo Blake Lively.

Lively tem sido alvo constante dos tablóides, sobretudo após os atritos públicos com Justin Baldoni durante a produção de É Assim Que Acaba. Com isso, os boatos em torno de Outro Pequeno Favor ganharam força. Surgiram rumores de uma suposta briga entre Lively e Kendrick na estreia do longa no festival SXSW, prontamente negados pelo diretor Paul Feig, que classificou os relatos como infundados.

Outro elemento de bastidores que chamou atenção foi o nome de Sharon Stone. A veterana atriz reclamou publicamente, em uma postagem no Instagram, que teria sido “escalada e removida do papel inesperadamente e sem explicação”. No entanto, fontes próximas à produção afirmaram que Stone nunca chegou a ser oficialmente contratada, tendo participado apenas de conversas preliminares sobre uma possível participação.

Mas foi o conteúdo do próprio filme que acabou gerando mais controvérsia. A trama inclui uma história envolvendo incesto queer, o que dividiu o público e gerou críticas nas redes sociais. Embora seja um tema evidentemente sensível, Outro Pequeno Favor não foi o único a explorá-lo em 2025 — The White Lotus, em sua terceira temporada, também abordou o assunto, levantando debates sobre os limites da provocação narrativa e o momento cultural peculiar que esses enredos parecem atravessar. Outro Pequeno Favor está disponível no Prime Video.

The Electric State

The Electric State

Alguém ainda se lembra de The Electric State? O ambicioso filme da Netflix, estrelado por Millie Bobby Brown, Chris Pratt e com a voz de Woody Harrelson como o líder robótico Sr. Peanut, prometia uma revolução audiovisual ao retratar uma revolta de robôs em uma década alternativa de 1990. Mas apesar da atenção inicial, o longa rapidamente se tornou o típico blockbuster da plataforma: visto por milhões, discutido por quase ninguém.

A recepção crítica foi brutal. Alistair Ryder, em sua resenha para o site Looper, classificou o filme com a nota mínima de 1/10, chamando atenção para o roteiro raso e a execução genérica. Embora esse tipo de avaliação seja comum em produções infladas, o que torna The Electric State particularmente controverso é seu orçamento: inacreditáveis US$ 320 milhões. É mais do que o custo do primeiro Avatar e quase o mesmo valor de Vingadores: Guerra Infinita — um investimento exorbitante para um produto que mal causou impacto cultural.

A frustração foi ainda maior entre os fãs da graphic novel original, criada por Simon Stålenhag. A obra é amplamente elogiada por sua atmosfera melancólica e visual retrofuturista, que combinam ficção científica com um comentário sutil sobre abandono e isolamento. A adaptação cinematográfica, no entanto, ignorou grande parte dessa profundidade, resultando em uma experiência visualmente saturada, mas emocionalmente vazia.

Outro ponto sensível foi o uso de inteligência artificial na produção. Embora os irmãos Russo, diretores do filme, afirmem que a IA foi usada apenas para modulação de voz, seu entusiasmo público pelo uso crescente da tecnologia no cinema levantou críticas severas. Em meio a debates sobre ética e criatividade na era digital, The Electric State acabou se tornando símbolo não apenas de desperdício orçamentário, mas também das incertezas que pairam sobre o futuro do audiovisual. The Electric State está disponível na Netflix.

Um Filme Minecraft

Um Filme Minecraft

No momento em que este texto é escrito, Um Filme Minecraft ocupa o posto de maior sucesso entre os filmes americanos de 2025 nas bilheteiras globais. O blockbuster adaptado do popular jogo da Mojang seria o típico candidato a manchetes exaltando como “salvou os cinemas” — não fosse por um detalhe inusitado: muitas das crianças e adolescentes que lotaram as sessões estavam, literalmente, destruindo os cinemas.

Na tradição de The Rocky Horror Picture Show, mas trocando erotismo por galinhas vivas e euforia caótica, Um Filme Minecraft tornou-se o mais recente exemplo de um filme que transcende a tela para provocar tumulto no mundo real. A cena do “jóquei de galinhas”, em especial, gerou surtos coletivos entre jovens espectadores, que passaram a replicá-la com gritos, danças e, em casos mais extremos, arremessos de pipoca e objetos diversos dentro das salas de exibição.

O fenômeno deixou adultos perplexos. Enquanto alguns espectadores mais velhos expressaram indignação e pânico diante do comportamento dos chamados “Zoomers”, outros responderam com confusão ou mesmo aceitação relutante, encarando o caos como parte da experiência coletiva. Em algumas sessões, cinemas tentaram conter os excessos com avisos pré-exibição pedindo civilidade. Em outras, a estratégia foi oposta: os próprios exibidores abraçaram a onda, promovendo sessões específicas para canalizar — e, quem sabe, lucrar com — a energia anárquica do público juvenil.

Embora o comportamento tenha levantado discussões sobre o que é aceitável dentro da sala escura, Um Filme Minecraft provou que, mesmo em tempos de streaming e distrações infinitas, o cinema ainda pode ser um espaço de catarse coletiva — por mais caótica que ela seja. Um Filme Minecraft está disponível na Max.

Tempo de Guerra

Tempo de Guerra

Tempo de Guerra, de Alex Garland, foi um dos filmes mais polarizadores de 2024, tanto por retratar um futuro distópico em que os Estados Unidos mergulham em guerra civil quanto por evitar uma contextualização política direta, deixando interpretações abertas. Seu próximo projeto, Warfare, co-dirigido pelo ex-NAVY SEAL Ray Mendoza e inspirado nas experiências reais de Mendoza durante a Guerra do Iraque, não gerou o mesmo tipo de comoção pública — talvez simplesmente porque menos pessoas o assistiram — mas ainda assim levantou questionamentos relevantes sobre o papel dos filmes de guerra.

Desde o lançamento do trailer, Warfare foi alvo de críticas que o rotularam como potencial propaganda militar. No entanto, a decisão de simular veículos e uniformes militares, em vez de buscar aprovação formal do Departamento de Defesa — o que costuma exigir revisões de conteúdo — sinalizou que Garland e Mendoza não estavam interessados em agradar as forças armadas. Quando o filme estreou, revelou-se bem menos ufanista do que seus detratores imaginavam, e surpreendeu ao se tornar o título mais aclamado da carreira de Garland no Rotten Tomatoes.

Ainda assim, nem mesmo o reconhecimento crítico escapou de debates. Muitos elogiaram a intensidade emocional do longa e sua recusa em simplificar a realidade da guerra, mas alguns críticos levantaram ressalvas quanto à abordagem livre de contextualização — semelhante à usada em Tempo de Guerra. Para esses observadores, aplicar esse estilo a um relato baseado em fatos reais, especialmente de um conflito tão carregado quanto a ocupação americana no Iraque, exigiria mais cuidado.

Também foi notado um desequilíbrio de vozes: embora Warfare se esforce para retratar a experiência dos soldados americanos com complexidade e humanidade, críticos apontaram que um filme tão centrado na perspectiva iraquiana, com igual escala e financiamento, provavelmente jamais chegaria às telas. Assim, Warfare se destaca tanto por seu mérito artístico quanto por ressaltar os limites invisíveis do que Hollywood está disposta a contar — e de quem está disposta a ouvir. Tempo de Guerra está disponível no Prime Video.

Pecadores

Pecadores

Como obra cinematográfica, Pecadores é difícil de contestar. Aclamado pela crítica, adorado pelo público e amplamente compreendido em suas mensagens, o filme de Ryan Coogler se tornou um sucesso retumbante de bilheteria. Em um momento delicado, marcado pela crescente resistência de Hollywood a narrativas diversas durante o segundo mandato de Donald Trump, Pecadores se destacou como um fenômeno cultural — e, paradoxalmente, tornou-se alvo de controvérsia não pelo conteúdo, mas pela forma como seu sucesso foi recebido (ou ignorado) pelos bastidores da indústria.

Segundo apuração da Vulture, executivos de grandes estúdios temiam que o êxito do longa ameaçasse o próprio modelo hollywoodiano. O motivo: um acordo inusitado entre Coogler e a Warner Bros., em que os direitos autorais do filme retornam ao diretor após 25 anos — algo raro em produções de grande orçamento. Mesmo com uma abertura doméstica impressionante de US$ 48 milhões — a maior para um filme original desde a pandemia —, as manchetes pareciam fazer malabarismos para minimizar o feito, destacando insistentemente o custo de produção de US$ 90 milhões.

Essa cobertura contrastou fortemente com o tratamento dado a Era Uma Vez em… Hollywood, de Quentin Tarantino. Lançado antes da pandemia, o filme também teve um custo estimado em US$ 90 milhões e um acordo semelhante de reversão de direitos ao diretor, mas sua estreia de US$ 41 milhões foi celebrada como um triunfo autoral. A disparidade levantou questionamentos importantes: por que o modelo criativo de um cineasta branco é aplaudido, enquanto um diretor negro, ao seguir os mesmos passos, é tratado como ameaça?

No fim, Coogler teve a última palavra. Pecadores não apenas manteve uma performance sólida nas semanas seguintes — o famoso “pernas longas” da bilheteria —, como ultrapassou a marca de US$ 350 milhões mundialmente. Mais do que um sucesso comercial, o filme expôs as tensões latentes da indústria e reforçou a urgência de repensar os padrões e os filtros pelos quais se mede o valor de uma obra e de seu criador. Chega no dia 4 de julho na Max.

 

Escolha o Streaming e tenha acesso aos lançamentos, notícias e a nossas indicações do que assistir em cada um deles.