Ainda em tempo de fazer parte da maratona dos brasileiros antes da cerimônia do Oscar, que acontece no próximo domingo, 2 de março, Nickel Boys chega ao país pela Prime Video, trazendo consigo uma história dolorosa e verídica sobre injustiça e sobrevivência.
O Reformatório Nickel, como foi chamado no Brasil, indicado ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, resgata um capítulo sombrio da história dos Estados Unidos e coloca o espectador dentro da perspectiva de seus protagonistas.
A produção pode causar estranheza em um primeiro momento ao optar por uma abordagem cinematográfica singular, onde toda a narrativa se desenrola em primeira pessoa. Mas, assim que os olhos do espectador se adaptam às lentes da visão de Elwood e Turner, o filme mergulha em uma narrativa marcada pela solidão e injustiça.
Desta forma, acompanhamos a jornada dos dois jovens protagonistas em um reformatório onde abusos e violência são constante, sem nunca vê-los juntos em cena, exceto através de reflexos.
A brutalidade de um sistema falido
O filme acompanha Elwood Curtis e Turner, dois adolescentes negros enviados para a Nickel Academy, uma instituição de reabilitação juvenil que, na realidade, operava como um centro de tortura e segregação racial na Flórida dos anos 1960. Inspirada na Dozier School for Boys, a história denuncia as atrocidades cometidas sob a fachada de reeducação.
Na história, Elwood é um jovem idealista, profundamente influenciado pelos discursos de Martin Luther King Jr. e pela crença no poder da educação. Sua esperança por um futuro melhor é brutalmente confrontada ao ser injustamente enviado ao reformatório.
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Lá ele encontra Turner, um adolescente cético que compreende a verdadeira natureza da instituição e tenta ensinar Elwood a sobreviver dentro daquele sistema. Ambos, no entanto, compartilham o mesmo objetivo de manter-se vivos em um ambiente onde a violência é a regra.
Um retrato cruel da realidade
A ambientação nos anos 1960 coincide com o auge do Movimento dos Direitos Civis nos Estados Unidos, um período de mobilização contra a segregacião racial. O filme não apenas retrata o sofrimento dentro da Nickel Academy, como também estabelece paralelos com o mundo exterior, sintonizando o espectador através de momentos históricos.
Apesar de ser baseado em fatos reais, o filme é uma adaptação do romance “The Nickel Boys”, de Colson Whitehead, vencedor do Prêmio Pulitzer de Ficção em 2020, que ficcionaliza os acontecimentos.
Ainda que os protagonistas não tenham existido de fato, assim como acontece em outras narrativas que apresentam fatos históricos, a direção de RaMell Ross foi perspicaz ao fazer uma montagem intensa com fotos reais da investigação que descobriu os corpos no final do século XX.
Ao expor os horrores cometidos no reformatório juvenil através de um olhar artístico e inovador, o filme concorre a principal categoria do Oscar com uma narrativa que resgata a memória das vítimas e expõe casos de abuso que mancham ainda mais a história do país.
O Reformatório Nickel está disponível na Prime Video.
