Os filmes de guerras são um dos gêneros mais revisitados pelo cinema. Essas histórias continuam relevantes, especialmente em tempos de incerteza política e social. Mas, entre tantos títulos que se perdem em clichês ou exageros, apenas alguns conseguem equilibrar autenticidade e impacto emocional.
Enquanto grandes produções hollywoodianas dominam as premiações e as discussões sobre o gênero, algumas histórias passam despercebidas. Esse é o caso de Número 24, um drama norueguês que resgata um capítulo pouco conhecido da Segunda Guerra Mundial.
Uma história real de coragem
Número 24 narra a trajetória de Gunnar Sønsteby (Sjur Vatne Brean), um dos maiores heróis da resistência norueguesa contra a ocupação nazista. O filme apresenta o protagonista em duas fases de sua vida: como um jovem contador que se recusa a aceitar a invasão de seu país e como um idoso refletindo sobre as consequências de suas decisões.
Apesar de parecer um homem comum, Sønsteby foi um dos agentes mais ativos contra o regime nazista na Noruega, participando de diversas operações clandestinas para desestabilizar as forças inimigas.
A trama se inicia com a invasão alemã em 1940, quando ele, ainda jovem, precisa lidar com a nova realidade imposta ao seu país. Inicialmente, Sønsteby segue sua rotina normalmente, mas um encontro com um membro da resistência o leva a assumir um papel de liderança na luta contra os invasores.
Ao longo do filme, vemos suas ações clandestinas e os desafios enfrentados por aqueles que se opuseram ao regime nazista. Em vários momentos, o filme reforça que lutar contra a opressão não significa apenas pegar em armas, mas também assumir riscos invisíveis no dia a dia.
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Nessa jornada, Gunnar conta com aliados igualmente destemidos, como a jovem Reidun (Ines Høysæter Asserson), que usa sua padaria como ponto de encontro da resistência.
A resistência norueguesa na Segunda Guerra Mundial
A Noruega desempenhou um papel importante durante a Segunda Guerra Mundial, e a resistência local foi responsável por diversas operações estratégicas contra a ocupação nazista. O filme evidencia essa importância sem romantizar os acontecimentos.
Ao longo da trama, fica claro que cada decisão tem um custo, seja a renúncia à vida pessoal, a própria segurança em prol de um bem maior ou o peso das escolhas que não podem ser desfeitas. A estrutura narrativa, que intercala o presente e o passado, reforça essa reflexão.
Mesmo décadas após os eventos retratados, o velho Gunnar carrega as marcas do que viveu. Sua história, contada para uma audiência de estudantes, serve como um lembrete de que as lutas do passado ainda ressoam no presente.
Além disso, ao contrário das grandes produções, Número 24 opta por uma estética contida, um tom mais sóbrio e uma pegada mais realista. Em vez de apostar em grandes explosões ou cenas de ação espetaculares, a narrativa foca nos pequenos detalhes. Seu impacto emocional vem da vulnerabilidade dos personagens e da incerteza de suas escolhas.
Número 24 está disponível na Netflix.
