
A Marvel está prestes a jogar um dado importante no tabuleiro do Multiverso, e o nome desse movimento é Vingadores: Doomsday. O longa, previsto para 2026, deve reunir nomes de peso, incluindo personagens icônicos dos X-Men interpretados por atores clássicos da era Fox, como Hugh Jackman e Patrick Stewart.
Mas essa decisão, guiada pela nostalgia, pode custar caro ao futuro da franquia. Especialmente quando falamos de um personagem que já teve mais despedidas do que retornos: o Professor Xavier, interpretado por Patrick Stewart.
Patrick Stewart já se despediu de Xavier vezes demais
Não é exagero dizer que Patrick Stewart marcou o papel de Professor Xavier para sempre. Desde o primeiro X-Men (2000), ele encarnou com elegância e autoridade o líder dos mutantes. Mas se estamos falando de encerramento de ciclo, ele já teve várias oportunidades para isso, e nenhuma foi exatamente definitiva.
Em X-Men: O Confronto Final (2006), Xavier morre nas mãos da Fênix. Em Logan (2017), ele tem uma despedida tocante e simbólica, morrendo aos 90 anos em um cenário brutal e poético. E mesmo assim, retornou como variante em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, só para morrer de novo com o pescoço quebrado por Wanda. A essa altura, parece que a Marvel está usando a morte de Xavier como uma carta repetida, e o público já não sente o mesmo impacto.
Esse ciclo de mortes e retornos banaliza um personagem que deveria carregar profundidade. Quando tudo é final, nada realmente termina. E talvez o maior erro seja transformar Professor Xavier em um eterno “adeus”.
Do respeito à inércia: o desafio de reviver o passado
É evidente que trazer Stewart de volta é uma jogada emocional. Afinal, ele sempre foi o rosto ideal de Xavier, desde os tempos de votação dos fãs na Wizard Magazine. Mas a reverência ao passado não pode impedir o futuro de acontecer. A Marvel precisa entender que não se constrói um novo universo sobre os escombros do antigo.
A decisão de incluir esses mesmos rostos em Vingadores: Doomsday pode até ser vendida como uma despedida digna aos filmes da Fox, mas o problema é: essa despedida já aconteceu. Dias de um Futuro Esquecido deu um final feliz para os personagens. Logan encerrou com honra. Deadpool & Wolverine prometeu um adeus irreverente. Qual a necessidade de mais um último ato?
Ao insistir em Stewart, a Marvel corre o risco de estagnar criativamente, reforçando a sensação de que não sabe dizer adeus e, pior, não sabe como recomeçar.
A reinvenção é urgente: os X-Men precisam de sangue novo
Rever Patrick Stewart é nostálgico, mas não representa renovação. Com 84 anos, o ator não tem como liderar uma nova fase dos mutantes. E a verdade é que, cedo ou tarde, o MCU vai precisar de versões definitivas dos X-Men integradas à cronologia principal. Isso exige novos rostos, novas leituras e a coragem de se distanciar das adaptações antigas, que nem sempre fizeram jus ao material original.
A Fox, por exemplo, nunca soube o que fazer com personagens como Ciclope, que virou mero coadjuvante para exaltar Wolverine. E mesmo figuras queridas como Noturno foram reduzidas a arquétipos sombrios e dolorosos, bem diferente do espadachim brincalhão dos quadrinhos. O próprio Professor Xavier, sob Stewart, foi retratado como um mentor benevolente, sábio e sereno. Mas nos quadrinhos, ele é muito mais ambíguo: manipulador, controlador e, às vezes, até egoísta.
É hora de mostrar ao público um Professor Xavier mais fiel às origens: não só o idealista, mas também o homem falho, capaz de decisões controversas. Um novo ator permitiria explorar essas camadas com liberdade, sem o peso da expectativa que recai sobre Stewart.
Multiverso não é desculpa para repetir erros
O MCU parece ter encontrado um álibi criativo no conceito de multiverso: qualquer coisa vale, tudo pode acontecer. Mas há uma diferença entre liberdade e comodismo. Se Vingadores: Doomsday repetir a fórmula de matar Professor Xavier só para chocar, será apenas um eco fraco do que Multiverso da Loucura já fez, e de forma muito mais impactante.
O multiverso deveria servir como um trampolim para novas possibilidades, não como uma zona de conforto para repetir decisões. Se Professor Xavier aparecer só para morrer de novo, qual será o propósito narrativo? Impactar? Homenagear? Nada disso se sustenta se o público já viu isso acontecer quatro vezes antes.
Marvel, está tudo bem homenagear o passado, mas não se esqueça de que o verdadeiro herói é quem sabe quando seguir em frente.
Por que Vingadores: Doomsday precisa evitar esse erro agora
O MCU vive um momento delicado, com altos e baixos em bilheteria e críticas. Esse novo capítulo tem uma oportunidade rara: reiniciar os X-Men de forma orgânica e definitiva. Mas isso exige coragem para romper com os vícios herdados da Fox.
Reescalar Professor Xavier não é desrespeito com Stewart, é sinal de maturidade criativa. É entender que ciclos se encerram para que outros comecem. E, francamente, o público também merece novas emoções, novas histórias e um novo Professor Xavier que não esteja preso às mesmas escolhas de 2006.
Vingadores: Doomsday tem estreia prevista para 1º de maio de 2026, exclusivamente nos cinemas.