Ao longo da última década, o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) construiu uma trajetória de sucesso, consolidando-se como a maior franquia de filmes de super-heróis. Desde o lançamento de Homem de Ferro em 2008, a Marvel estabeleceu um universo coeso, interligando histórias e personagens de maneira inédita no cinema.
À medida que a franquia cresceu, novos desafios surgiram. O estúdio tem passado por uma fase ruim desde a Saga do Infinito e uma de suas decisões atuais pode se tornar um problema ainda maior no futuro do universo compartilhado.
Se no início o foco estava nos Vingadores, agora o estúdio precisa equilibrar múltiplas formações além da equipe principal, como os Jovens Vingadores, Quarteto Fantástico, Thunderbolts e, possivelmente, os X-Men.
A gestão desses grupos e de seus respectivos heróis pode se tornar uma tarefa complicada, especialmente considerando a necessidade de dar espaço para cada um brilhar sem prejudicar o andamento do universo cinematográfico.
O excesso de equipes pode prejudicar a narrativa
Ao longo da Fase 4 e 5, o MCU já apresentou vários novos personagens que, em algum momento, deverão se unir em diferentes equipes. Os Jovens Vingadores, por exemplo, já têm diversos integrantes introduzidos, como Kate Bishop, America Chavez, Wiccano e Kamala Khan.
Paralelamente, os Thunderbolts chegam ao cinema trazendo velhos e novos personagens e o Quarteto Fantástico está a caminho com uma equipe totalmente inédita – isso sem contar os Vingadores originais e o iminente retorno dos mutantes.
A força do estúdio, no entanto, sempre esteve na construção gradual de narrativas e no planejamento de histórias que conversam entre si. Agora, com tantas equipes dividindo o mesmo espaço, a chance de sobrecarregar o público e comprometer o desenvolvimento dos personagens aumenta consideravelmente.
A Marvel, que já não está em seu melhor momento há alguns anos, se coloca em uma posição delicada, onde precisa conciliar o crescimento do universo com a manutenção da qualidade narrativa.
O excesso de personagens e equipes pode ser um problema se não for bem administrado, tornando as histórias confusas e mal roteirizadas. A solução pode estar no uso inteligente do streaming e em um planejamento mais criterioso para cada arco.
Séries podem ser a solução para os Jovens Vingadores
Uma possível saída para esse impasse seria manter algumas equipes no formato televisivo. Os Jovens Vingadores, por exemplo, podem seguir no Disney+ com séries próprias, garantindo tempo suficiente para desenvolver a equipe e os personagens.
Levando em consideração que os integrantes se originaram nas séries, faria sentido manter assim. Kamala Khan, conhecida como Ms. Marvel, foi introduzida em sua série solo e Kate Bishop apareceu na série Gavião Arqueiro, herdando o manto de Clint Barton.
Além delas, Billy Kaplan e Tommy Shepherd foram apresentados em WandaVision, e Billy assumiu oficialmente seu alterego Wiccano em Agatha Desde Sempre.
Cassie Lang e América Chavez foram as únicas a fugir da regra, sendo apresentadas em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania e Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, respectivamente.
Essa estratégia permitiria que as equipes principais, como os Vingadores e o Quarteto Fantástico, recebessem mais atenção nos cinemas sem a necessidade de dividir a tela com uma quantidade excessiva de personagens.
Os X-Men e o desafio da introdução da raça
O maior problema da Marvel pode estar no retorno dos X-Men ao MCU. Diferente das outras equipes, os mutantes são uma legião de personagens com histórias complexas e arcos próprios. Introduzi-los de forma orgânica exigirá um planejamento cuidadoso para que não pareçam apenas mais um grupo em meio ao caos do universo compartilhado.
Além disso, a Marvel terá que definir como os X-Men coexistirão com os heróis já estabelecidos. Será necessário evitar que sua presença ofusque as outras equipes ou que a transição seja abrupta demais.
Antes de formar a equipe de fato, eles terão que introduzir toda a mutandade de maneira que não contradiga os eventos passados e já estabelecidos do MCU. O estúdio provavelmente usará o multiverso a seu favor, mas é importante lembrar que os X-Men não são apenas uma equipe, e sim uma raça inteira de pessoas que vivem em todos os lugares do planeta.
Se conseguir equilibrar essas diferentes tramas sem sobrecarregar o público, o MCU tem potencial para se reinventar e voltar ao domínio que fez dele a grande potência do cinema. Caso não consiga, o estúdio pode abrir mão da grande chance de trabalhar diversos personagens interessantes e perder de uma vez por todas sua credibilidade com o público.