
Durante boa parte do novo filme da Netflix, o que se desenha é um típico romance adolescente com um toque de rebeldia. Uma jovem rica, um garoto problemático, um amor proibido. Mas basta um pouco de atenção para perceber que Má Influência se estrutura sobre o peso das escolhas adultas em vidas ainda em formação.
Aos poucos, o longa da Netflix abandona o clima de flerte juvenil e se torna um suspense movido por traumas familiares e desigualdade social. O relacionamento entre Reese e Eros não é só um ponto de tensão romântica, mas o fio que costura revelações sobre pais, amigos e a própria identidade de cada um deles.

Reese e Eros: romance, conflito e redenção
Tudo começa com Bruce, um pai superprotetor, que decide contratar Eros, um jovem recém-libertado da prisão, para proteger sua filha de um perseguidor misterioso.
A convivência forçada, no entanto, rapidamente evolui para uma relação afetiva intensa, marcada por desejo, revolta e empatia. Reese, pressionada por bullying escolar e pela sombra autoritária do pai, encontra em Eros um escape, e, ao mesmo tempo, uma ameaça à sua estabilidade emocional.
Apesar dos desencontros e das desconfianças que surgem ao longo da trama, como o momento em que Reese encontra desenhos ofensivos feitos por Eros, o casal decide dar uma segunda chance ao que sentem. O problema é que o perigo real ainda está à espreita.

O passado vem à tona
A perseguição a Reese parece, em princípio, motivada por um ex-namorado obcecado, mas a narrativa toma um rumo mais sombrio quando Peyton, amiga de Eros, entra em cena como a verdadeira culpada.
A jovem, funcionária da escola e crítica ferrenha dos privilégios da elite, esconde uma dor antiga, pois sua mãe morreu em um incêndio causado pela negligência de Bruce em um de seus restaurantes. O mais chocante é que ela não está sozinha, os pais de Eros também morreram na mesma tragédia.
A revelação de que Bruce tentou apagar esse episódio ao manipular os fatos e culpar o pequeno Eros dá novos contornos ao enredo. Para manter o garoto sob controle e silenciar possíveis verdades, ele criou um vínculo forçado por meio de um programa de caridade, dando a impressão de estar ajudando, mas, na verdade, ele alimentava sua própria necessidade de redenção.
Eros, que cresceu acreditando ser responsável pelo incêndio, só começa a questionar essa narrativa ao encontrar uma fotografia antiga na casa de Bruce, onde seus pais aparecem ao fundo. Esse detalhe desperta dúvidas que se intensificam com o desenrolar da trama, até culminar nas revelações finais.

O confronto final e a morte de Bruce
Com a verdade exposta, o filme avança para um clímax tenso. Peyton, armada, invade o lar dos Russell. Eros tenta protegê-los, Reese tenta fugir, e Bruce tenta reparar o irreparável. Dois tiros ecoam no corredor, e apenas depois o espectador descobre que Bruce é quem foi atingido, tentando proteger a filha.
A arma usada por Peyton provavelmente veio da própria mansão dos Russell, sugerindo que a facilidade de acesso às armas foi mais um erro de Bruce que saiu caro.
A morte do personagem muda tudo. Não só encerra a perseguição, como também obriga Reese a confrontar um luto complexo, entre o amor de filha e a mágoa por tudo que foi escondido.
Para lidar com isso, ela passa a deixar mensagens de voz no número do pai, como forma de manter viva a conexão com sua memória. É uma maneira de honrar o que foi bom, sem ignorar o que causou dor.

Reese e Eros: um recomeço possível
Mesmo depois de tantas revelações, Reese decide não romper com Eros. A conexão entre eles, agora fortalecida pela dor e pela verdade, se transforma em um espaço de apoio mútuo.
Má Influência termina com um ar de recomeço. Reese está mais livre para tomar suas próprias decisões, Eros não carrega mais sozinho a culpa pelo que viveu, e juntos, eles tentam transformar uma história marcada por perdas em algo que tenha, ao menos, algum tipo de futuro.