Preocupante

Finalmente sabemos o que está matando lentamente a Marvel, Star Wars e Pixar

Uma mudança de rumo no estúdio impactou marcas consagradas.

Finalmente sabemos o que está matando lentamente a Marvel, Star Wars e Pixar

Durante anos, Marvel, Star Wars e Pixar foram vistas como fortalezas imbatíveis dentro da indústria do entretenimento. Cada lançamento gerava expectativa global, com bilheterias bilionárias e legiões de fãs acompanhando cada novidade.

Porém, o cenário mudou com o tempo e a explicação pode estar em uma escolha estratégica da Disney. Ao priorizar o crescimento acelerado do Disney+, a empresa pode ter colocado em risco as próprias joias da coroa.

O streaming ganhou protagonismo no auge da pandemia, o que, num primeiro momento, parecia garantir vantagem competitiva, mas essa aposta transformou produtos escassos em conteúdos abundantes e, com isso, os títulos perderam o apelo que antes carregavam.

THUNDERBOLTS*

O excesso virou inimigo da exclusividade

Para marcas que sempre foram associadas a eventos cinematográficos, a migração em massa para o streaming teve um efeito direto na percepção do público.

A Marvel, por exemplo, começou a lançar séries em ritmo acelerado. Isso não apenas gerou confusão para quem não acompanha todos os lançamentos, como também fragmentou a experiência que antes era centralizada nos filmes.

Consequentemente, títulos importantes como Capitão América: Admirável Mundo Novo e Thunderbolts* fracassaram nas bilheteiras, mesmo tendo orçamento alto e nomes conhecidos.

Até mesmo o recém Quarteto Fantástico, com boa recepção crítica, tem perdido o fôlego nas semanas seguintes à estreia. A avaliação interna da própria Marvel admite que a expansão desenfreada, impulsionada por diretrizes corporativas, desvalorizou o universo compartilhado.

As séries também não conseguiram sustentar o nível de interesse. Para além da qualidade duvidosa dessas produções, a interdependência entre filmes e séries passou a afastar o público que já não conseguia acompanhar tanta informação.

Star Wars perdeu o brilho do inédito

No caso de Star Wars, a situação foi parecida, mas com desdobramentos diferentes. A marca, que tradicionalmente lançava filmes em janelas espaçadas, viu seu universo se expandir com diversas séries originais.

Embora O Mandaloriano tenha sido um fenômeno, produções como O Livro de Boba Fett, Obi-Wan Kenobi, Skeleton Crew e The Acolyte não repetiram o mesmo desempenho e sequer foram renovadas.

Mesmo Andor, que é, talvez, uma das melhores séries de 2025, não conseguiu alcançar os números de audiência esperados, o que levanta dúvidas sobre a sustentabilidade dessas séries de alto orçamento.

O prolongamento da ausência de novos filmes nas telonas também contribuiu para esfriar o entusiasmo em torno da franquia. A promessa de um novo longa para o próximo verão, protagonizado por Grogu, será um verdadeiro teste para saber se ainda há interesse genuíno por parte do público.

Além disso, a saturação de histórias no mesmo universo fez com que cada nova produção pareça menos especial. O que antes era um evento aguardado, agora se tornou apenas mais um lançamento no calendário do Disney+.

Pixar perdeu seu lugar de destaque

A animação também sofreu. Com o envio direto de filmes como Soul, Luca e Red: Crescer é uma Fera para o streaming, o público passou a associar os lançamentos da Pixar a “conteúdo de streaming”. Isso enfraqueceu a expectativa em torno das estreias e minou o impacto de obras originais no cinema.

Embora Divertida Mente 2 tenha se saído muito bem, com arrecadação acima de 1 bilhão e meio de dólares, o desempenho de Elio expôs o abismo entre uma sequência consagrada e um título novo. Com menos de 140 milhões de dólares arrecadados mundialmente, o longa se tornou o maior fracasso comercial da história do estúdio.

Internamente, a Disney reconheceu o problema. O próprio Bob Iger já declarou que a obsessão por fortalecer o Disney+ acabou diluindo o foco criativo da empresa, especialmente nas marcas mais fortes.

Desde então, o estúdio vem tentando reverter a tendência, optando por lançamentos nos cinemas para projetos que antes seriam exclusivos do streaming (como aconteceu com Moana 2 e o remake live-action de Lilo & Stitch).

Ainda dá tempo de recuperar?

O que está em jogo agora é se a Disney conseguirá reconstruir o prestígio perdido. A mudança de estratégia é evidente, mas o desgaste acumulado nos últimos anos não será revertido da noite para o dia.

Parte do público já se distanciou das franquias, e reconquistar esse interesse exigirá mais do que boas intenções, sendo necessário entregar experiências que voltem a parecer únicas.

A Marvel terá que provar que ainda consegue inovar dentro de seu universo, Star Wars precisará reencontrar sua mística, e a Pixar terá que convencer o público de que suas histórias ainda merecem ser vistas no cinema.

Agora resta saber se a empresa conseguirá reduzir o ritmo de lançamentos e recuperar o senso de evento em torno dessas marcas. A resposta, como sempre, virá do público.