Após anos de espera, Tron: Ares finalmente chegou aos cinemas, expandindo o universo digital criado em 1982. O novo capítulo da franquia estrelada por Jared Leto, Greta Lee e Jodie Turner-Smith mistura ação, filosofia e ficção científica de ponta — e termina com um final eletrizante que deixa muitas perguntas para o futuro da saga.
A seguir, entenda o desfecho do filme, com spoilers.
Ares agora está em busca de Quorra, de Tron: O Legado
O desfecho de Tron: Ares prepara um encontro entre Ares e Quorra, personagem de Tron: O Legado. Após obter o código da permanência e conquistar a habilidade de existir permanentemente no mundo real (perdendo, no entanto, a capacidade de ser recriado no Grid), Ares decide explorar o mundo físico.
Parte dessa decisão vem de sua curiosidade pela vida, mas o filme revela que ele possui duas fotos de Quorra — uma antiga, de um jornal com Sam Flynn, e outra mais recente, o que sugere que Ares descobriu que ela ainda está viva.
Como uma ISO (ser digital espontâneo) que aparentemente superou naturalmente o problema da instabilidade, Quorra oferece a Ares uma visão única sobre o que ele acabou de viver. Sua sobrevivência no presente pode explicar por que Ares a procura: ele quer entender o que a torna especial.
A relação entre os dois promete ser cheia de contraste. Ares foi criado artificialmente como um soldado, enquanto Quorra nasceu de forma natural e foi educada por Kevin Flynn em arte e literatura. Caso haja uma sequência, tudo indica que Quorra terá papel central.
A cena pós-créditos conecta Dillinger a Sark
A cena foca em Julian Dillinger, o principal antagonista do filme. Sua obsessão em obter o código da permanência leva à liberação de Athena sobre o mundo, resultando em sua exposição pública e na morte de sua mãe. Fugindo para as ruínas de seu Grid, Julian ativa seu disco de identidade.
O ato constrói para ele uma armadura digital que lembra o design de Sark, o vilão do filme original de 1982. Sark era o duplicado digital de Ed Dillinger e braço-direito do Master Control Program. Ao assumir essa nova forma, Julian parece tomar definitivamente o lugar do avô na história da franquia.
Durante Tron: Ares, Julian tenta provar ser um herdeiro digno da família Dillinger, mas seu fracasso em criar a permanência e a tentativa de roubá-la espelham o próprio crime de Ed contra Flynn no passado. Agora, transformado, Julian pode se tornar o primeiro vilão recorrente da saga.
Sua trajetória ainda pode se aprofundar: o sentimento de culpa pela morte da mãe e pela queda do nome da família pode influenciar sua evolução como uma ameaça digital ainda mais perigosa.
O que o final significa para o futuro da franquia
O encerramento de Tron: Ares traz várias revelações importantes. Ares e Julian são claramente posicionados como figuras centrais para o futuro. Julian, tomado pela fúria, pode voltar ao mundo real para caçar Ares — que, por sua vez, talvez precise lidar com o peso de sua própria humanidade.
O filme também deixa em aberto como Eve e Athena impactarão o mundo fora do Grid. O final confirma que Eve usou o código da permanência para o bem da humanidade, aplicando a tecnologia para resolver crises de energia e alimentação. Em outras palavras, o código mudou a existência humana.
Qualquer história futura precisará abordar as consequências disso: ou impondo novas limitações à tecnologia, ou mostrando como uma sociedade que já não sofre com necessidades básicas se transforma radicalmente. Além disso, o ataque de Athena revelou ao mundo que entidades digitais podem cruzar para o plano físico.
Com o interesse do governo norte-americano em usar essas tecnologias para fins militares — algo insinuado nas primeiras cenas do filme —, é provável que vejamos a criação de novos soldados digitais, seja para defesa, seja para guerra.
Assim, um futuro Tron não poderá simplesmente “apagar” o que foi revelado. A continuação deve abraçar essas mudanças e explorar um mundo que não apenas colhe os benefícios do Grid, mas também teme o perigo que ele representa.
O verdadeiro significado de Tron: Ares
No fundo, Tron: Ares é um filme sobre propósito e existência — e sobre como o sentido da vida não pode ser definido apenas pela função para a qual alguém foi criado. Ares nasceu para ser um soldado obediente, incapaz de sentir. Mas até um simples momento observando a chuva o leva a uma crise existencial.
Antes mesmo de se rebelar, ele ignora ordens para salvar outro programa. Essa curiosidade natural cresce com o tempo, revelando sua capacidade de desenvolver empatia e emoções genuínas — é isso que convence o avatar de Flynn a lhe conceder o código da permanência.
Ao final, Ares não tem um destino definido, e isso é visto como algo positivo. Ele não sabe o que fará a seguir, e essa liberdade representa o auge de sua humanidade. O filme reforça que desenvolver sentimentos e individualidade é o verdadeiro avanço — tanto para Ares quanto para todos os cidadãos digitais do Grid.
As jornadas de Eve e Julian também refletem esse tema. Eve aprende a seguir seu próprio caminho e usar o conhecimento em prol dos outros, enquanto Julian, obcecado por provar seu valor, acaba consumido pela ambição.
Tron: Ares se mostra, portanto, empático até com os vilões presos a seus “códigos”, sejam eles literais ou morais. No fim, os verdadeiros heróis são aqueles que conseguem quebrar essas amarras e se abrir para o mistério — e a beleza — de simplesmente estar vivo.
Tron: Ares está em cartaz nos cinemas brasileiros.