
Desde que foi anunciada, a continuação de Extermínio levantou uma pergunta inevitável: ainda há algo que vale a pena ser contado 18 anos depois do surto original?
A resposta veio com um filme que, em vez de repetir velhas fórmulas, aposta em uma narrativa centrada nos personagens e nos dilemas de um mundo em colapso.
Extermínio 3: A Evolução estreou na última quinta-feira (18) com uma nova proposta que corrige de forma inteligente uma falha deixada por Extermínio 2.
Com direção de Danny Boyle e roteiro de Alex Garland, o longa apresenta uma sociedade em ruínas, onde os sobreviventes tentam manter a sanidade diante de um futuro sem respostas.
Não é preciso ter assistido aos filmes anteriores para acompanhar a trama, mas quem conhece a franquia vai perceber de imediato a mudança de tom e foco. O que antes era um suspense de sobrevivência, agora é também um drama familiar.

O elo emocional e horror com significado
Uma das principais críticas a Extermínio 2 foi a falta de conexão entre o público e seus personagens. Em Extermínio 3, essa distância é quebrada logo nas primeiras cenas. O filme acompanha uma família que vive em uma comunidade isolada em uma ilha, tentando manter a normalidade em meio ao caos.
Isla, Jamie e o pequeno Spike conduzem a narrativa com dinamismo e fragilidade. Isla sofre de perda de memória, mas encontra força nos momentos de vulnerabilidade. Jamie tenta ser um pai protetor, mesmo com atitudes que revelam um heroísmo distorcido. E Spike, o filho do casal, encara situações extremas com medo e empatia.
Ainda que não abra mão do terror, Extermínio 3 opta por cenas de violência mais pontuais, mas com maior impacto. A representação dos infectados segue grotesca e assustadora, mas agora carrega um peso simbólico maior. Em vez de apenas correrem em fúria, os zumbis são retratados com traços humanos, o que torna tudo ainda mais perturbador.
Essa escolha reforça uma das propostas centrais do filme, de mostrar que o maior horror pode estar dentro de nós mesmos. Os dilemas morais e a relação entre sobreviventes são mais assustadores do que qualquer ataque brutal. Nesse ponto, Boyle e Garland conseguem equilibrar os dois gêneros e entregar algo mais complexo.

Inovação também na forma
Extermínio 3 também chama atenção pelo visual. Filmado com iPhones de última geração e lentes adaptadas, o longa rompe com padrões de produção e entrega imagens incrivelmente belas, mesmo em um contexto de destruição.
A fotografia, assinada por Anthony Dod Mantle, valoriza cenários naturais e cria contrastes entre a calma e o desespero.
A escolha de locar boa parte da história na natureza, e não em centros urbanos, também marca uma diferença. Em vez de ruínas e concreto, vemos florestas, rios e campos que reforçam a ideia de um retorno forçado ao essencial.

Um novo rumo para a franquia
Extermínio 3 mostra que é possível renovar uma saga sem perder sua essência. Ao optar por uma narrativa mais centrada nas relações humanas e menos na carnificina gratuita, o filme se aproxima de dramas apocalípticos como The Last of Us, mas sem abandonar sua identidade.
Ao consertar a falta de profundidade emocional de Extermínio 2 e atualizar sua forma de contar histórias, Boyle e Garland entregam um retorno digno, que abre caminho para novas possibilidades.