
O cinema vem sendo invadido por sequências, continuações e remakes que muitas vezes só tentam repetir fórmulas de sucesso. Quando Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda foi anunciado, era difícil não suspeitar que ele poderia cair nessa armadilha, mas o novo filme surpreende ao equilibrar bem o fator nostalgia com uma proposta atual, cheia de dinamismo e bom humor.
Dessa vez, o foco é a relação entre três gerações: Tess, Anna e Harper, agora acompanhadas por Lily, filha do novo noivo de Anna. A mistura de personalidades, idades e conflitos familiares resulta em um novo surto de troca de corpos que, como esperado, gera situações hilárias e momentos constrangedores de fazer o espectador se encolher na poltrona.
A confusão das trocas e a resolução final
O novo surto de troca de corpos não acontece apenas entre Tess e Anna, mas também envolve Harper e Lily. Ao longo do filme, as meninas agem como antagonistas, tentando sabotar o casamento entre Anna e Eric por medo de virarem uma família de verdade. O plano delas funciona por um tempo, mas quando percebem o impacto emocional da separação, a empatia começa a surgir.
Esse movimento de compreensão é essencial para desfazer o feitiço. Em uma cena simbólica, um tremor (sentido apenas pelos quatro envolvidos) marca o momento em que todos voltam aos seus corpos originais. A sequência reforça a ideia central do filme: apenas ao se colocarem no lugar do outro, literalmente, os personagens conseguem entender e aceitar suas diferenças.
Rivalidade, rejeição e amadurecimento
No início da trama, Harper e Lily são rivais na escola e trazem para casa esse sentimento de disputa, principalmente quando descobrem que terão que conviver sob o mesmo teto. Harper rejeita a ideia de se mudar para Londres com a nova família, enquanto Lily lida com o luto pela mãe e o medo de ser substituída.
Essas inseguranças impulsionam suas atitudes sabotadoras, mas à medida que as trocas de corpo forçam cada uma a viver a realidade da outra, o amadurecimento acontece. Lily entende a dor de Eric, seu pai, e Harper se conecta com a história da mãe e suas escolhas. Ao final, o reencontro com suas próprias identidades é também um reencontro afetivo.
Participações especiais
O filme também se dedica a mostrar o que aconteceu com os personagens do primeiro longa. Ryan continua casado com Tess, agora dividindo o título de campeões de pickleball. Maddie e Peg, ex-colegas de banda, aparecem na despedida de solteira de Anna e depois sobem ao palco para um show surpresa da Pink Slip, banda que marcou o primeiro filme.
O retorno do grupo é um dos pontos altos da narrativa. Anna, agora empresária musical, abandonou os palcos quando descobriu a gravidez de Harper. A filha cresce acreditando que foi um empecilho para os sonhos da mãe, mas o reencontro no palco revela justamente o contrário: é através da música que as duas finalmente se conectam.
Um desfecho doce, com sabor de reconciliação
Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda consegue unir humor, emoção e leveza em um final que honra o espírito do original sem depender apenas dele. A reconciliação entre as personagens é atravessada por empatia e vulnerabilidade, o que torna o desfecho mais maduro e significativo.
A mensagem final do filme é clara: toda família é feita de adaptações, e o que realmente importa é a disposição de cada um em compreender o outro. No fim, Harper e Lily se aceitam como irmãs, Anna e Eric se casam com o apoio das filhas, e Tess encontra em Lily uma nova aliada.
A família permanece unida, e a mudança para Londres é deixada de lado. Todos decidem recomeçar juntos em Miami, onde Anna e Eric iniciam a nova fase da vida ao lado das filhas, agora mais próximas e cúmplices.
Vale a pena assistir?
Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda é uma das raras continuações atuais que realmente se justificam. O entrosamento entre as personagens é excelente, o timing cômico funciona com precisão e a premissa, que poderia soar repetitiva, encontra um novo respiro ao envolver mais personagens na troca de corpos.
Além do humor, o filme consegue trazer um peso emocional que o original não explorava, abordando temas como luto, reconciliação e amadurecimento de forma leve, mas sincera. Para quem cresceu com o primeiro filme, essa nova versão traz tanto riso quanto emoção e merece ser vista com o coração aberto.
Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda está em cartaz nos cinemas.