![Com doses de esquisitice, o grande terror de Canina é a maternidade Com doses de esquisitice, o grande terror de Canina é a maternidade](https://observatoriodocinema.com.br/wp-content/plugins/seox-image-magick/imagick_convert.php?width=904&height=508&format=.jpg&quality=91&imagick=uploads-observatoriodocinema.seox.com.br/2025/01/Nightbitch-HERO-1024x576.jpg)
Adaptar toda uma vida para a maternidade não é uma tarefa fácil. Em inúmeros casos, mulheres precisam abrir mão de sua profissão, de seus hobbies e outras funções para se adaptar ao ato de ser mãe. E em inúmeras vezes, é possível que ela se anule para que as coisas funcionem do jeito esperado.
A reflexão sobre essas escolhas é o que faz com que Canina se torne um ato de reflexão sobre ser mãe, e principalmente, sobre ser mulher nos dias atuais. O filme de Marielle Heller acompanha a jornada de uma mãe (vivida por Amy Adams) em sua rotina um tanto desgastante para cuidar de seu filho pequeno. Ela era uma artista, que deixou a carreira de lado para se dedicar completamente a criação da criança, cujo pai (Scoot McNairy) se mantém afastado por causa do trabalho durante a maior parte da semana.
Quando a família está reunida, o natural seria que, por pelo menos algum tempo, o pai conseguisse se dedicar ao filho e as tarefas da casa. O que acontece é que, assim como vários parceiros, ele se mostra completamente imaturo e incapaz de ajudar a esposa, que cada vez mais fica debilitada com uma rotina desgastante.
Com essas situações, a diretora aborda as dificuldades com as quais mulheres precisam lidar diariamente, e que também não se limitam somente às suas casas. A mistura de drama com situações um tanto esquisitas, dão ao filme o toque necessário de suspense que intriga, e ao mesmo tempo, faz com que o público reflita sobre ações e atitudes tomadas.
Quando o lado “animal” da personagem fala mais alto, fica ainda mais claro sobre como seus sentimentos enclausurados a censuram, e como a ideia de maternidade pode ser algo tão idealizado na sociedade que faz com que seja natural ignorar aquilo que a desagrada.
O poder de Amy Adams
Ao longo dos anos, Amy Adams se tornou um dos maiores nomes do cinema hollywoodiano, e pela primeira vez, um trabalho trouxe tanto receio e surpresa quanto Canina.
Se por um lado essa não é uma das melhores atuações da atriz, por outro é claro como seu carisma e sua presença são essenciais para que o filme seja o que é. Ela tem a força para mostrar a decepção e a dor ao não poder viver seus sonhos, mas que também quer o bem estar de seu filho. Inclusive, a exaustão de cada um dos momentos é muito bem expressado por seu próprio rosto apático.
Ao mostrar sua transformação, com toques de body horror, a atriz entrega a fúria necessária para enfrentar tudo aquilo que a coloca em uma cela, surpreendendo aqueles que não estão acostumados com uma Amy Adams muito mais contida.
Canina é brutal, honesto e completamente louco, assim como qualquer situação que envolva a maternidade. Que, aliás, deveriam ser tratados com mais carinho e empatia.