Momentos absurdos

Coisas idiotas em Jurassic World: Recomeço que não podemos ignorar

Jurassic World: Recomeço tem cenas tão bobas que parecem piada.

Personagens sobreviventes podem retornar em Jurassic World, dependendo da nova direção que a franquia tomar
Personagens sobreviventes podem retornar em Jurassic World, dependendo da nova direção que a franquia tomar

Quando a franquia Jurassic Park começou, lá em 1993, a mistura de ficção científica e tensão parecia impecável. Steven Spielberg entregou um clássico que uniu a emoção da descoberta com o medo de um mundo dominado por dinossauros. Agora, décadas depois, chegamos a Jurassic World: Recomeço, o sétimo capítulo da saga que tenta, com muito esforço, reviver a nostalgia enquanto apresenta uma nova leva de personagens e ameaças pré-históricas. Só que, em meio aos dinossauros, efeitos especiais e promessas de ação, o que também ressuscita e em excesso são algumas decisões inacreditavelmente burras.

Comandado por Gareth Edwards (de Rogue One), o filme tenta renovar a franquia, mas tropeça feio em momentos que desafiam até a boa vontade dos fãs. E por mais que a gente saiba que dinossauros reais convivendo com humanos já exige uma certa suspensão da descrença, algumas cenas de Recomeço vão muito além, são simplesmente toscas.

A ilha que ninguém menciona: o desaparecimento de Isla Sorna

Quem acompanhou a franquia desde os tempos de O Mundo Perdido e Jurassic Park III sabe que Isla Sorna era peça-chave na narrativa, o famoso “Site B” onde os dinossauros viviam livres antes de qualquer parque temático ser aberto. Mas em Jurassic World: Recomeço, a ilha simplesmente some da equação. Ninguém comenta, ninguém sente falta, e no lugar disso, inventam uma nova ilha: Île Saint-Hubert.

A decisão não só ignora a própria continuidade da franquia, como também desperdiça um terreno riquíssimo já estabelecido. Seria como se Gotham City fosse esquecida num filme do Batman. Em vez de explorar as possibilidades de Isla Sorna, o roteiro parte para um caminho estranho e sem conexão emocional com os fãs antigos.

Com ou sem sequência direta, o universo Jurassic ainda tem muito o que explorar, inclusive novos filmes fora da linha principal

Dinossauros não aguentam mais viver na Terra? Sério mesmo?

Em Reino Ameaçado, os dinossauros foram libertados na civilização. A promessa era clara: o mundo real agora teria que conviver com essas criaturas gigantes. Parecia o ponto de virada que mudaria a franquia para sempre. Mas em Recomeço, esse avanço é jogado no lixo.

Logo no início, uma narração fria e direta nos diz que os dinossauros não conseguiram se adaptar ao clima atual e estão morrendo. Assim, do nada. É uma desculpa pobre, que soa mais como um corte orçamentário do que uma ideia criativa. A Terra virou hostil para as criaturas que já dominaram o planeta por milhões de anos? Não dá para engolir. A promessa de uma nova era foi trocada por conveniência de roteiro.

O pé milagrosamente curado de Reuben

Reuben é o típico personagem gente como a gente: pai de família, sem experiência militar, e jogado no meio do caos jurássico. Logo de cara, ele sofre um ferimento feio no pé, o que limita sua movimentação e até dita algumas decisões importantes do grupo, como usar uma balsa para facilitar sua locomoção.

Mas, do nada, no terceiro ato do filme, Reuben já está correndo, pulando e fugindo de dinossauros como se nada tivesse acontecido. O pé? Curado. A dor? Nunca existiu. É um detalhe pequeno, mas que escancara a falta de cuidado do roteiro com sua própria lógica. Se a ideia era mostrar Reuben como um sobrevivente realista, o efeito acaba sendo o oposto: ele vira mais um personagem genérico e incoerente.

O dinossauro fofo que se teletransporta

Dolores é um bebê tricerátopo que, por razões puramente mercadológicas (oi, bonecos de pelúcia!), vira mascote da filha de Reuben. E tudo bem: franquias amam dinossauros carismáticos. Mas o problema está na forma como ela aparece em cenas importantes, sem explicação, sem lógica, sem tempo para ter chegado lá.

Dolores é libertada em uma cena de despedida emocionante, mas pouco tempo depois aparece do nada, dentro de uma loja, no meio da ação. Como ela chegou ali? Ninguém sabe. Ela anda quilômetros? Voou? Usou GPS? A verdade é que o roteiro precisa dela ali para um momento “fofo”, e dane-se a coerência. A gente ama dinossauros carismáticos, mas convenhamos: até um Pokémon teria mais lógica.

O herói que morre e ressuscita sem explicação

Duncan Kincaid, vivido por Mahershala Ali, tem um dos arcos mais emocionais do filme. Ele se culpa pela morte do filho e, no clímax, decide se sacrificar para salvar os outros. Tudo é feito com drama, trilha sonora emocionante e até aquele clássico da tocha apagando o símbolo claro de que ele morreu.

Mas não. Poucos segundos depois, lá está Duncan, vivíssimo, sem ferimento algum, com outra tocha na mão, como se tivesse dado um mergulho e saído ileso do confronto com o D-Rex. O problema aqui não é só a falta de lógica (porque realmente não havia saída), mas a traição emocional. O filme faz você sentir a perda… só para tirar isso de você logo depois. Um golpe barato que não combina com o tom que tentou construir.

O monstro final que ninguém quer ver

A franquia Jurassic World tem uma fixação em criar dinossauros mutantes como vilões principais e o D-Rex é o mais sem graça de todos. Diferente do Indominus Rex ou do Indoraptor, que ao menos tinham designs que evocavam medo e imponência, o D-Rex parece um monstro cinza e genérico, com braços humanos que mais parecem erro de computação gráfica.

Não é bonito, não é assustador, e mais importante: não faz sentido dentro do universo. Que tipo de parque criaria um bicho desses? Qual o apelo comercial? Nenhum. A criatura só existe porque o roteiro precisava de um “chefão” para o terceiro ato, mas até nisso Recomeço falha. A batalha final é morna, e o D-Rex já entra para a lista dos piores designs da franquia.

 
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