
Saeed Roustayi e Javad Noruzbegi, o diretor e produtor, respectivamente, por trás do drama familiar Leila’s Brothers, foram condenados à prisão no Irã. Eles foram condenanos em razão de exibirem o filme no Festival de Cinema de Cannes do ano passado sem aprovação do governo, de acordo com relatos da mídia local.
Os dois foram considerados culpados na terça-feira pelo Tribunal Revolucionário Islâmico de Teerã de “contribuir para a propaganda da oposição contra o sistema islâmico”.
Eles foram condenados a seis meses de prisão, embora cumprirão apenas “cerca de nove dias”, sendo que o restante da sentença será “suspenso por cinco anos”, de acordo com o Etemad do Irã (via Deadline).
A sentença pode ser apelada, mas, conforme as coisas estão atualmente, durante o período de suspensão, a dupla será obrigada a se abster de atividades relacionadas à produção cinematográfica e de todo contato com colegas da indústria.
Em prol da “preservação dos interesses nacionais e éticos”, de acordo com o Etemad, eles também deverão fazer um curso de produção cinematográfica na Academia de Som e Visão de Qom.
O filme Leila’s Brothers, de Roustayi, estava na competição pela prestigiosa Palma de Ouro de Cannes, acabando por receber o prêmio FIPRESCI.
Ele enfureceu o governo iraniano não apenas ao inscrever o filme no festival sem aprovação do governo, mas também ao aceitar seu prêmio, quando fez um discurso sobre um desabamento fatal de torres na cidade de Abadan.
O filme foi oficialmente proibido de ser lançado no Irã a partir de junho passado.
Festival se pronuncia após prisão dos cineastas
A prisão do cineasta provocou um comunicado nesta manhã do Festival de Cinema de Biarritz, que teve Roustayi como parte do júri.
“Nós, no Nouvelles Vagues, o Festival Internacional de Cinema de Biarritz, ficamos chocados ao saber que o diretor Saeed Roustayi foi condenado a seis meses de prisão – e proibido de fazer outro filme por cinco anos – por espalhar propaganda anti-regime. Seu único crime é ser um cineasta de espírito livre”, disse um porta-voz do festival.
“O Festival Nouvelles Vagues está comprometido de forma intransigente com os jovens, defendendo a liberdade de expressão e a liberdade artística, e com artistas e pessoas ameaçados porque usam essa liberdade – e pede o cancelamento da condenação de Saeed Roustayi o mais rápido possível”, continua a declaração.
Roustayi e Noruzbegi não são os primeiros cineastas iranianos que tiveram conflitos com o regime autoritário do país nos últimos anos.
Entre os exemplos mais proeminentes recentes está o vencedor do prêmio de Cannes, Jafar Panahi, que foi preso após se dirigir ao escritório do procurador para questionar sobre a detenção dos cineastas Mohammad Rasoulof e Mostafa Aleahmad.
Panahi foi inicialmente condenado a seis anos de prisão, mas foi libertado em dois dias após lançar uma greve de fome que chamou a atenção em fevereiro deste ano.