Confira

A Vida de Chuck: Explicamos o final do filme baseado na obra de Stephen King

Mike Flanagan conduz o espectador por um desfecho cheio de simbolismos

A Vida de Chuck: Explicamos o final do filme baseado na obra de Stephen King

A Vida de Chuck, novo filme de Mike Flanagan, adapta a novela homônima de Stephen King. A trama é dividida em três atos que seguem uma ordem invertida, o que torna o final ainda mais impactante e cheio de significado.

Ao longo do filme, somos conduzidos por fragmentos da vida de Chuck Krantz, interpretado por Tom Hiddleston, acompanhando desde os últimos dias de sua existência até momentos cruciais de sua infância. Essa estrutura não convencional transforma a narrativa em um quebra-cabeça emocional, onde cada peça se encaixa somente ao final.

O fim de Chuck e o ciclo da vida

O desfecho ocorre no chamado Ato 1, mas, cronologicamente, ele apresenta um dos momentos mais antigos da linha do tempo. Aqui, vemos Chuck ainda adolescente, vivendo na casa dos avós. Após a morte de seu avô Albie, interpretado por Mark Hamill, ele decide entrar na misteriosa cúpula da casa, um local que sempre foi proibido.

Dentro do espaço, Chuck tem uma visão: ele se vê no futuro, adulto, deitado em um leito de hospital e à beira da morte. Apesar do choque inicial, o que poderia ter sido um presságio devastador se transforma em uma lição sobre aceitação. O aviso do avô explica que a antecipação da perda pode ser mais dolorosa do que a própria morte.

A partir daí, Chuck decide “esquecer” o que viu e passa a abraçar a vida com intensidade, valorizando os pequenos momentos, como a dança improvisada que vemos no Ato 2.

Por que a história termina no começo?

A narrativa em ordem reversa é um elemento essencial para compreender o significado do filme. O Ato 3 abre a trama com um cenário apocalíptico: o universo está colapsando, e outdoors anunciam “Obrigado, Chuck Krantz, por 39 anos incríveis”. Essa introdução misteriosa prende a atenção, mas só faz sentido depois dos eventos mostrados no último ato.

Ao encerrar com a juventude de Chuck, Flanagan reforça que o filme não é sobre a morte, mas sobre a vida. O título deixa isso claro, e o desfecho amarra todos os elementos apresentados: o medo do fim se dissolve diante da consciência de que cada instante vivido é parte do que nos torna únicos.

O mistério do colapso do universo

Grande parte do que vemos no Ato 3, com o universo se desfazendo, acontece dentro da mente de Chuck. Essa revelação surge durante uma conversa com a professora Miss Richards (Kate Siegel), que explica a ele a ideia de que cada pessoa carrega um universo inteiro dentro de si.

O colapso cósmico, portanto, simboliza o fim do universo particular de Chuck, construído ao longo de 39 anos de memórias, afetos e experiências. Cenários, pessoas e até pequenos detalhes presentes nesse “universo” são referências às vivências dele, como a casa dos avós, os professores da escola e até figuras que cruzaram seu caminho. A única cena “real” desse ato é a visita da esposa e do filho ao seu leito de morte.

A cúpula e seus significados

O elemento mais enigmático do filme, a cúpula, carrega forte carga simbólica. Localizada no ponto mais alto da casa, ela representa um espaço que guarda verdades inatingíveis sobre a vida e a morte. Ao ter acesso ao local e enfrentar a visão do próprio fim, Chuck se vê diante da escolha de viver atormentado pela antecipação ou abraçar cada momento.

A decisão de esquecer o que viu na cúpula define o rumo de sua vida. É esse gesto de coragem que permite que ele construa conexões profundas, aproveite os instantes de felicidade e, principalmente, inspire outras pessoas ao longo de sua trajetória.

O verdadeiro significado de A Vida de Chuck

Além de refletir sobre a finitude, o filme explora temas como o impacto das relações humanas e o valor da vida comum. A dança de Chuck com Janice (Annalise Basso), por exemplo, inicia uma corrente de pequenas mudanças, como o gesto inesperado que ajuda a desconhecida a superar um momento difícil, inspira outros à sua volta e até gera ganhos para o músico de rua que os acompanha.

Outro ponto importante é o discurso de Albie, que reforça a dignidade presente nas vidas “ordinárias”. Embora Chuck seja apenas um contador, seu trabalho influencia diretamente o destino de outras pessoas. Essa valorização do cotidiano, combinada com a aceitação do inevitável, cria uma narrativa sensível, onde cada ação, por menor que pareça, carrega significado.

A Vida de Chuck está em cartaz nos cinemas.