Análise

3 coisas que funcionaram em Superman e 3 que não funcionaram

Mesmo com pequenas falhas, Superman de James Gunn marca um recomeço promissor para o universo da DC

3 coisas que funcionaram em Superman e 3 que não funcionaram

Superman, de James Gunn, filme que inaugura um novo universo da DC, estreou nesta semana nos cinemas. Pela primeira vez, desde o início da década de 80, a franquia produziu um longa-metragem satisfatório do clássico super-herói, abraçando toda a esperança e leveza dele.

O filme está repleto de várias virtudes artísticas. Primeiramente, a obra sabe proporcionar muito bem espetáculo e, ao mesmo tempo, emoção ao espectador. É verdade que o longa tem suas falhas, sendo três erros em particular. Está longe de ser uma produção perfeita, mas isso não diminui o mérito de ser uma história cativante e que cumpre muito bem o seu propósito de entreter, sendo digno de aplausos.

Confira a seguir a lista de 3 coisas que funcionaram em Superman, e outras 3 que não funcionaram.

Funcionou

David Corenswet como Superman

Gunn, ao lado do diretor John Papsidera montaram um elenco brilhante para o filme do Superman no qual todos deixam sua marca especial, até mesmo os coadjuvantes e artistas de cinema independente. Mas o grande destaque, sem dúvidas, é o nosso herói, interpretado por David Corenswet. Desde Christopher Reeve, o personagem nunca havia sido retratado com tanta perfeição em live-action.

Como disse o todo-poderoso da DC, James Gunn, em uma entrevista recente: Corenswet incorpora todas as qualidades do Superman, sendo um match perfeito com seu personagem. David entrega uma atuação divertida, que não é caricata, mas sim multifacetada com a qual o público pode se envolver.

Além disso, o ator está incrivelmente convincente usando sua visão de calor para eliminar hordas de soldados inimigos ou voando pelo ar. No entanto, ele é igualmente crível interpretando o nerd Clark Kent no Planeta Diário ou compartilhando cenas íntimas com Pa Kent. Dá para perceber que Corenswet interpretou o Superman com entusiasmo e o herói se destaca por sua emotividade e humanidade tangível.

A crueldade implacável de Lex Luthor

Nicholas Hoult brilha como o vilão Lex Luthor e sua maldade é divertida de assistir, encaixando-se perfeitamente na atmosfera clássica do filme. O personagem se mostra como um canalha desagradável desde o início, que odeia o Superman, e um mentiroso insuportável que não tem medo de machucar cães. Trata-se do ser humano mais deplorável que existe.

Não há nenhum detalhe triste em sua história que justifique o fato de ele ser assim. Desta forma, Hoult consegue incorporar Luthor com maestria, transmitindo todas as facetas de sua vilania. Trata-se de atuação mais maliciosa e desdenhosa do que jamais havia feito em sua carreira. Além disso, garante que seu Luthor seja mais divertido de assistir do que tantos outros vilões de filmes de quadrinhos modernos.

Uma história que funciona como um filme independente

Superman inicia contando que a introdução de meta-humanos no planeta Terra há 300 anos estabeleceu “uma nova era de deuses e monstros”, que faz referência ao novo Universo DC. Assim, alguns fãs poderiam achar que o filme seria apenas uma introdução para outros filmes futuros da franquia.

Mas, felizmente, Superman é um filme que funciona muito bem por si só. Ele não depende de histórias futuras para fazer sentido e tem o objetivo principal de entreter o público. Heróis como Mulher-Gavião, Metamorfo e Senhor Incrível aparecem, mas todos têm um papel claro na trama e não estão lá só para fazer “propaganda” de outros filmes ou séries.

O final do filme também evita aquelas cenas que apenas servem para anunciar vilões como Darkseid ou Brainiac. Em vez disso, ele fecha bem a história e mostra os pontos fortes dos personagens. Até mesmo as duas cenas pós-créditos não servem como “trailers” de próximos filmes, mas sim como momentos simples e divertidos da vida dos heróis.

Esses detalhes fazem com que Superman se destaque como um filme divertido e completo, diferente de muitos outros filmes de super-heróis de hoje, que parecem mais preocupados em preparar o próximo capítulo do universo compartilhado do que em contar uma boa história.

Não funcionou

Elementos da cinematografia

A cinematografia de Superman é o ponto mais fraco do filme. Apesar do visual ter potencial e o resto da produção (como atuações e figurinos) ser estilizado e criativo, a maneira como o filme é gravado acaba sendo comum e sem personalidade.

James Gunn e o diretor de fotografia Henry Braham não arriscaram em criar algo visualmente marcante. A única identidade visual mais clara está na predominância das cores azul e amarelo.

Algumas cenas parecem artificiais, especialmente em ambientes mais realistas, por causa da iluminação exagerada e do uso de câmeras digitais. O formato de tela (1.85:1) também deixa os enquadramentos menos impactantes, o que contrasta com o estilo visual mais teatral e detalhado que os fãs esperavam.

No fim, enquanto o filme tem alma e nostalgia no roteiro e nas atuações, a parte visual segue os padrões genéricos dos blockbusters modernos – e perde a chance de ser algo visualmente único e memorável.

O papel climático estranho da equipe do Planeta Diário

Um dos problemas do novo Superman é a forma como os personagens humanos de Metrópolis, especialmente os colegas de Clark Kent no Planeta Diário, ficam afastados durante a maior parte do filme. Personagens importantes como Jimmy Olsen, Perry White e Cat Grant quase não aparecem, e quando voltam na parte final da história, sua participação parece forçada.

Enquanto Superman enfrenta grandes ameaças em uma batalha épica pela cidade, Lois Lane e os outros jornalistas estão em uma nave, tentando publicar uma matéria contra Lex Luthor. Essa subtrama soa desconectada e não combina com o clima grandioso do final. Parece que o filme não soube como dar um papel mais significativo a personagens comuns como Lois e seus colegas.

Além disso, quando o filme corta para eles durante a batalha final, a mudança de foco é estranha e tira a força da ação principal. Em vez de ajudar a história, esses momentos acabam sendo uma distração.

Criar Baby Joey em CGI

Em Superman, o personagem Metamorfo (Anthony Carrigan) só trabalha para o vilão Lex Luthor porque seu filho, Joey, foi sequestrado. Luthor ameaça matar o garoto se Metamorfo não obedecer suas ordens. O problema é que Joey, o filho do herói, aparece no filme como um bebê totalmente feito por computação gráfica (CGI).

Isso incomoda porque a aparência de Joey é muito artificial e ele parece um boneco de plástico, como um dos filhos do Shrek. Como Metamorfo tem um visual incrível feito com maquiagem e próteses, a escolha de fazer Joey todo digital não combina com o filme. Um boneco real ou efeito prático (como os usados em Hellboy II) teria deixado o personagem mais convincente.

Joey deveria causar empatia no público, mas por ser “bonitinho demais” e falso, isso não acontece. Ele não parece real, e isso atrapalha a emoção nas cenas em que Superman tenta protegê-lo. No fim, a decisão de usar CGI para criar Joey acaba tirando força da história e das emoções que ela tenta passar.

Superman está em cartaz nos cinemas.

 
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