A sexta e última temporada de The Handmaid’s Tale chegou ao fim encerrando um ciclo que, desde 2017, colocou em pauta temas como autoritarismo. Foram seis temporadas acompanhando a jornada de June, em uma escalada constante de tensão e confrontos com um sistema brutal.
O episódio final busca equilibrar uma conclusão simbólica à história de June sem encerrar por completo o universo narrativo. A despedida também serve como ponte para a próxima produção do Hulu baseada na obra de Margaret Atwood, The Testaments. Assim, a série fecha as portas de Gilead para abrir outras janelas.
O ataque em Boston e suas consequências
Logo no início do episódio, somos jogados no caos causado pela explosão de um avião com vários Comandantes, incluindo Nick, Wharton e Lawrence. O ataque coordenado pela Mayday permitiu que os Estados Unidos retomassem o controle de Boston, marcando a primeira conquista territorial significativa desde o início da guerra contra Gilead.
A ofensiva desorganiza as lideranças locais e espalha os sobreviventes. No meio desse cenário, acompanhamos June e os membros da resistência tentando localizar os desaparecidos e traçar os próximos passos na luta. Apesar da vitória, a guerra está longe de acabar.
No clímax emocional do episódio, June retorna à casa dos Waterford, onde tudo começou. Ao encontrar seu antigo quarto e a inscrição na parede, “Nolite te bastardes carborundorum”, ela inicia a gravação de sua história.
O adeus a Hannah e a esperança no futuro
Mesmo com os avanços da resistência, June não consegue se reunir com Hannah. Descobre-se que a filha está a mais de dois mil quilômetros de distância, fora do alcance atual dos Estados Unidos. A impossibilidade do reencontro tem razões narrativas e também práticas, já que The Testaments precisará manter Hannah em Gilead.
Apesar da dor da separação, a série transforma a ausência em motor da narrativo. Ao contar sua história diretamente para a filha, June reforça seu legado como testemunha do horror, mas, o mais surpreendente de tudo, é quando a cena final sugere que toda a série foi, na verdade, a narração de June para Hannah.
Esse fechamento também se conecta ao encerramento do livro, em que registros em áudio são usados para relatar o passado. A adaptação do Hulu vai além do texto original, mas encontra formas de prestar homenagem à obra de Margaret Atwood.
Reviravoltas e reencontros inesperados
Entre os acontecimentos mais marcantes do final, está a inesperada volta de Emily. Ausente desde a quarta temporada por decisão da atriz Alexis Bledel, a personagem retorna explicando que atuava como infiltrada em Gilead.
Outro reencontro relevante é o de Janine com sua filha. Graças à ajuda de Tia Lydia e da viúva de Lawrence, Janine finalmente atravessa a fronteira e é entregue aos Estados Unidos.
Já Serena Joy, que passou de vilã para exilada, encontra-se agora em um campo de refugiados com seu filho. A personagem pede perdão a June, que aceita. A redenção de Serena, por mais inesperada que pareça, sublinha o impacto transformador do exílio e do colapso das estruturas de poder.
Os desfechos emocionais de June e Luke
O relacionamento de June e Luke também encontra um desfecho. Embora não haja ressentimentos, o casal admite que a luta contra Gilead os afastou. A esperança de que possam se reencontrar no futuro é mantida, mas o momento atual exige caminhos separados.
A despedida dos dois é madura e coerente com o arco de ambos, onde não há espaço para normalidade em meio à guerra. June segue focada em proteger Nicole e manter viva a esperança de reencontrar Hannah. Luke, por sua vez, aceita que seu papel na luta pode ser diferente, mas ainda essencial.
Uma despedida que é só o começo
O final da série não oferece vitórias plenas, mas reafirma a importância de continuar lutando. Emily e Tuello ajudam June a entender que a resistência é necessária não apenas por justiça, mas para garantir um futuro diferente para as novas gerações.
A mensagem é clara: mesmo que Gilead seja derrotada, as ideias que a sustentam não desaparecem sozinhas. Elas precisam ser enfrentadas, desmanteladas, expostas. Como a própria June afirma, “não lutar foi o que criou Gilead”.
The Handmaid’s Tale está disponível na Paramount+.