O Retorno de Tron Pelo Olhar das Novas Gerações

Tron Ares: Reprodução
Tron Ares: Reprodução

Tron: Ares é o terceiro capítulo de uma franquia que marcou a história do cinema de ficção científica. Tudo começou em 1982, com Tron, um filme revolucionário da Disney que apresentou ao público o conceito inédito de um ser humano transportado para dentro de um computador — uma ousadia visual e tecnológica para a época. Décadas depois, em 2010, veio Tron: Legacy, que expandiu o universo digital com uma estética futurista deslumbrante e trilha sonora icônica, consolidando a saga como cult entre fãs de tecnologia e cultura pop.

Agora, em 2025, Tron: Ares traz uma nova geração de personagens e dilemas, que buscam dialogar com uma nova geração e atualizar os temas clássicos da franquia — como criação, controle e humanidade — para um público que nasceu em plena era da inteligência artificial. Mas será que a Geração Z e Alpha, nativas deste chamado mundo digital, consegue ter empatia ou interesse pelas temáticas do novo filme da franquia Tron?

Para responder a esta pergunta, contei com a colaboração de Maria Assunção Lago, uma adolescente de 12 anos da cidade de São Paulo que possui vasto interesse por artes, música e ciências, que escreveu uma crítica de Tron: Ares, oferecendo uma perspectiva valiosa, entre o passado e o presente, mostrando como Tron continua a despertar curiosidade e reflexão nas novas audiências. Confira o que ela pena sobre o filme:

Tron: Ares é o novo filme da franquia Tron, produzido pela Disney, lançado em 9 de outubro de 2025 no Brasil. Dirigido por Joachim Rønning, o filme mostra como seria se programas de computador entrassem em nosso mundo. Julian Dillinger (Evan Peters), neto de Ed Dillinger, o vilão do primeiro filme, cria um programa de computador chamado Ares (Jared Leto), com o objetivo de materializá-lo no mundo real através de uma impressora laser sofisticada e vendê-lo como um soldado. O problema é que tudo o que Julian materializa no mundo real dura apenas 29 minutos. Do outro lado, a rival de Julian, Eve Kim (Greta Lee), assumiu a empresa ENCOM no lugar de Sam Flynn (Jeff Bridges) e descobriu o “código da permanência”, que permite a duração permanente dos programas de computador materializados. Julian tem o objetivo de conseguir deixar os seus programas de computador permanentemente no mundo real, então ele vai atrás de Eve, que tem essa fórmula.

Quando descobri que o filme iria ser lançado eu fiquei empolgada porque gosto muito da franquia Tron, pois ela apresenta temas muito atuais, que condizem com a sociedade tecnológica em que vivemos. Tron: Ares é mais adulto do que Tron: Legacy. O segundo filme é infantil demais para adultos e adulto demais para crianças – talvez esse seja um dos motivos pelos quais Tron: Legacy não tenha feito tanto sucesso e seja tão subestimado.

Tron: Ares tem muitos pontos fortes como trilha sonora e efeitos visuais. A trilha sonora do filme, feita pela banda Nine Inch Nails, merece ganhar grandes prêmios. As músicas são meio eletrônicas como Daft Punk, mas são mais pesadas, algo que combina com o filme. Em Tron: Legacy, o foco é em Sam Flynn entrando na Grade; já em Tron: Ares, o foco é em Ares entrando no mundo real; então um som mais distópico combina mais. Foi uma decisão inteligente em manter o estilo de música parecido com o do segundo filme. Eu gostei muito das músicas, achei até os nomes criativos (In The Image Of, 100% Expendable).

O filme também é um espetáculo visual, com cenas de ação incríveis. Eu gostei muito das atuações e achei os atores muito carismáticos, além de servir de bom entretenimento com diálogos muito engraçados.

Mas Tron: Ares também tem seus pontos fracos. Eu acho que o filme não tem um tema filosófico tão bom comparado com Tron: Legacy, que abordou, por exemplo, o trauma de um filho abandonado pelo pai (Sam e Kevin Flynn) e o tormento de projetos fracassados (a angústia de Kevin Flynn com CLU). O tema filosófico de Tron: Ares é a impermanência da vida, e já foi apresentado em outros filmes como Blade Runner. Esse tema mostra como a vida é passageira. Além disso, filmes como Robocop e Terminator já mostram ideias apresentadas em Tron: Ares, como a forma pela qual um programa (ou robô) vê o mundo. Mas, por outro lado, o filme tem o mérito de mostrar essas ideias para as novas gerações. 

Também senti falta de algo inovador no filme. A franquia Tron sempre está à frente do tempo. Por exemplo, Tron foi o primeiro filme a usar computação gráfica, fora que a ideia de “entrar em um computador” era muito inovadora para a época. Já em Tron: Legacy a inovação é que eles elevaram o nível da arte 3D, o filme é próprio para ver 3D. Mas Tron: Ares não apresentou nenhuma inovação tão emblemática.

Há vários paralelos entre os filmes. No primeiro filme, quando Flynn vai testar a Grade, ele usa uma laranja, e em Tron: Ares, quando Eve Kim vai fazer o teste de permanência, ela usa uma laranjeira. Também é muito interessante que ela use uma árvore e o nome dela é Eve (Eva), isso é certamente uma metáfora bíblica. O filme é repleto de metáforas, como a metáfora sobre Frankenstein: a criatura contra o criador. Gostei muito deles terem recuperado o vilão do primeiro filme, Ed Dillinger, no caso, o neto dele.

Tron: Ares é mais semelhante ao primeiro filme do que ao Tron: Legacy, mas no final do filme, há um gancho que unifica todas as histórias. Se tiver um quarto filme envolvendo todos os personagens, tenho esperança de que seja o melhor da franquia.

Tron: Ares é um filme para quem é fã da franquia. Eu gostei muito do filme, principalmente das músicas, eu recomendo que pessoas da minha idade assistam. 

NOTA: 8,3/10

*Maria Assunção Lago tem 12 anos, é estudante, guitarrista, jogadora de softball pelo Giants São Paulo, cinéfila e crítica de cinema.