
O último episódio da nova temporada de Monster fecha a trajetória de Ed Gein com uma abordagem que mistura realidade, ficção e legado. A produção mostra como a vida do criminoso ecoou não apenas nos tribunais e nos hospitais psiquiátricos, mas também no imaginário coletivo, consolidando sua influência na cultura do terror e na criminologia.
Logo no início, o episódio apresenta crimes de outro assassino em Washington, onde duas jovens são sequestradas e mortas. A investigação conduz o FBI a buscar referências em criminosos já detidos, como Jerry Brudos, que aponta diretamente Gein como fonte de inspiração. É nesse ponto que o enredo conecta Gein ao trabalho das autoridades e ao impacto que suas ações tiveram em outros serial killers.
Gein no centro da narrativa final
Ainda vivo no hospital psiquiátrico, Ed passa a ser consultado para oferecer informações que possam ajudar nas buscas do FBI. Ele descreve ferramentas utilizadas em seus crimes, fornecendo pistas que levam os agentes a relacionar detalhes de assassinatos em série. Esse recurso transforma Gein em uma espécie de “consultor involuntário” de crimes posteriores, ampliando a noção de seu legado macabro.
Enquanto isso, vemos Richard Speck, outro assassino em massa, narrando seus delitos e trocando cartas com Gein. Esses trechos reforçam como Gein se tornou uma referência para outros criminosos, servindo de ponto de contato entre figuras igualmente violentas.
Em paralelo, a série mostra o declínio de Gein no Central State Hospital. Ele enfrenta a rotina de restrições e os efeitos do câncer de pulmão, diagnosticado em seus últimos anos. As correspondências que recebe, muitas delas carregadas de relatos grotescos, revelam como continuou sendo reverenciado entre criminosos, mesmo isolado do mundo exterior.
Encontros e delírios no fim da vida
Um dos momentos centrais do episódio acontece quando Gein recebe a visita de Adeline, personagem interpretada por Suzanna Son. A cena expõe a ligação entre eles, marcada por revelações sobre saúde mental e traumas compartilhados. O diálogo enfatiza como ambos se enxergam como reflexos um do outro.
A narrativa também intercala cenas oníricas, em que Gein sonha com serial killers famosos como Charles Manson e Ed Kemper. Nessas sequências, o criminoso é retratado como uma figura quase reverenciada, cercada por personagens que o tratam como um pioneiro. Esse recurso reforça o impacto cultural de sua trajetória e como ele próprio se via em meio a essas conexões.
No desfecho, Gein tem alucinações que o levam a um encontro simbólico com sua mãe, Augusta. Na visão, ela demonstra orgulho por sua influência e afirma que ele “mudou o mundo”, associando sua figura à gênese de personagens e histórias que atravessaram o cinema de horror.
A cena final
A morte de Ed Gein é retratada de forma lenta e simbólica. Ele aparece debilitado, à beira da cama, antes de dar seu último suspiro com uma lágrima no rosto. Logo após, a série mostra seu enterro, com jovens vandalizando seu túmulo durante o Halloween, uma forma de demonstrar como sua história continuou a provocar fascínio e repulsa.
Em uma das cenas finais, personagens fictícios inspirados nele, como Buffalo Bill, Leatherface e Norman Bates, surgem em uma sequência que mistura realidade e ficção, reforçando o alcance que sua figura alcançou.
O último quadro apresenta Gein ao lado da mãe, em um flashback sereno, onde Augusta diz: “Apenas uma mãe poderia te amar”. Diferente das vezes anteriores em que essa frase tinha tom de desprezo, aqui ela carrega uma nuance de afeto, sugerindo uma espécie de paz final para o personagem.