Crítica

Crítica: O Bom Bandido falha em sua única missão

Com uma história real e grande elenco, O Bom Bandido não passa de uma produção esquecível

Crítica: O Bom Bandido falha em sua única missão

O Bom Bandido, dirigido por Derek Cianfrance e estrelado por Channing Tatum, chega aos cinemas cercado de curiosidade por se basear em uma história real extremamente inusitada.

O filme acompanha Jeffrey Manchester, um ex-militar que ficou conhecido por invadir estabelecimentos pelo telhado, assaltar redes de fast food e chegar ao ponto de viver escondido dentro de uma loja de brinquedos por meses sem ser descoberto. 

Com uma história interessante e um elenco pra lá de talentoso, a expectativa era de uma produção com personalidade, carisma e um equilíbrio interessante entre humor e drama. No entanto, o resultado final não consegue honrar o potencial da premissa.

Uma comédia que não faz rir

Desde o início, a proposta é de uma comédia despretensiosa (bem no estilo “sessão da tarde”), o grande problema, no entanto, é apenas um: o filme não consegue fazer rir. O humor surge em situações pontuais, mas quase nunca encontra timing ou criatividade suficientes para causar comoção. A leveza que o gênero exige não aparece, as piadas são previsíveis e a construção das cenas carece de ritmo, o que torna difícil embarcar na proposta que o filme tenta estabelecer. 

A grande questão é que O Bom Bandido não confia na própria história. O caso real de Jeffrey Manchester é naturalmente cinematográfico, cheio de ironia e absurdos que poderiam render momentos inesquecíveis. Em vez de explorar esse potencial, o roteiro avança de forma superficial, resumindo eventos em vez de transformá-los em cenas com propósito dramático ou cômico. O resultado é uma narrativa que parece sempre à beira de se tornar interessante, mas raramente chega lá.

Potencial técnico desperdiçado

A direção de Derek Cianfrance chama atenção justamente por destoar de seus trabalhos anteriores. Conhecido por dramas intensos, como Namorados para Sempre e O Lugar Onde Tudo Termina, aqui ele adota um tom mais leve, mas não encontra equilíbrio entre estilo e conteúdo.

No elenco, Channing Tatum (Jeffrey) até tenta dar carisma ao protagonista, mas o personagem é mal desenvolvido. Kirsten Dunst, Peter Dinklage, LaKeith Stanfield e Juno Temple completam um time talentoso, porém subaproveitado. Nenhum deles se destaca ou cria conexões reais com o público, e o resultado é um conjunto de figuras que parecem estar presentes apenas para mover a trama adiante, não para enriquecê-la.

Somado a isso, o filme se estende mais do que deveria. As longas 2h06 parecem um exagero frente ao que se propõe e há uma sensação constante de que a narrativa está travada, esperando por algo que nunca vem. A montagem irregular e a duração excessiva tornam a experiência arrastada, cansando ao invés de divertir.

Vale a pena assistir O Bom Bandido?

Ao final, O Bom Bandido não diverte como comédia, não emociona como drama e não empolga como filme de assalto. Ele existe em um espaço morno, onde tudo parece promissor, mas nada é desenvolvido com profundidade. É uma obra que tinha todos os elementos para se destacar (uma história real fascinante, um elenco de peso e um diretor experiente), mas desperdiça a oportunidade ao optar pela superficialidade.

Não é um filme desastroso, mas é uma produção esquecível – tedioso em grande parte -, e é uma oportunidade perdida.  A premissa real continua mais interessante do que a versão ficcional apresentada na tela e fica a sensação de que havia algo muito melhor escondido ali, esperando para ser explorado. 

O Bom Bandido está em cartaz nos cinemas.

 
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