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Crítica: Hotel Hazbin entrega emoção, caos e evolução na 2ª temporada

A nova temporada da animação adulta chega com mais ambição, músicas afiadas e conflitos intensos

Crítica: Hotel Hazbin entrega emoção, caos e evolução na 2ª temporada

A aguardada 2ª temporada de Hotel Hazbin estreou nesta quarta-feira (29) no Prime Video, trazendo de volta Charlie Morningstar e seu excêntrico grupo de demônios redimidos em uma jornada cada vez mais caótica.

A série criada por Vivienne Medrano (VivziePop) aposta novamente na mistura explosiva de humor ácido, drama existencial e números musicais que transformaram o piloto original em um fenômeno da internet.

Se a primeira temporada serviu como um espetáculo de apresentação do universo infernal, a segunda se propõe a aprofundar a mitologia, humanizar os personagens e elevar o nível técnico da produção. E, em quase todos os aspectos, consegue entregar mais do que prometia.

Personagens em conflito e um inferno em expansão

Um dos grandes méritos da nova temporada está em expandir a geografia e a política do inferno. Agora, conhecemos melhor as forças que comandam cada círculo e os interesses ocultos por trás da aparente ordem demoníaca.

Charlie Morningstar, a princesa do inferno, continua determinada a provar que até as almas mais corrompidas podem ser redimidas. Mas sua fé é testada quando novos vilões surgem — os temidos Vees (Vox, Valentino e Velvette) —, que ameaçam tanto o Hotel Hazbin quanto a própria noção de redenção.

Angel Dust, por sua vez, ganha uma das jornadas mais fortes da temporada, explorando traumas e dilemas que vão muito além da caricatura cômica. Já Alastor, o misterioso “Radio Demon”, se mantém como uma figura ambígua e magnética, cuja presença eleva cada cena em que aparece.

Técnica e direção de arte em outro nível

Visualmente, a segunda temporada é um espetáculo. As cores vibrantes, o design dos personagens e a fluidez das sequências musicais alcançam um nível quase cinematográfico. A direção de arte de Medrano continua fiel ao traço característico de seus trabalhos anteriores (Helluva Boss e o piloto original de Hotel Hazbin), mas aqui há mais polimento, mais movimento e mais atmosfera.

Os números musicais — marca registrada da série — estão entre os pontos altos. Canções como “All My Sins” e “Velvet’s Parade” se destacam por unir narrativa, performance vocal e ironia, mantendo o tom teatral e infernal da produção.

Pontos fortes e fragilidades

O que funciona:

• Evolução emocional dos personagens — especialmente Charlie e Angel Dust, que finalmente ganham espaço para desenvolvimento real.

• Animação e trilha sonora impecáveis, dignas de produções de alto orçamento.

• Equilíbrio entre humor negro e drama, sem perder a identidade.

O que ainda incomoda:

• Excesso de subtramas: a narrativa tenta abordar redenção, política infernal, romances e segredos antigos ao mesmo tempo, o que às vezes dilui o impacto emocional.

• Ritmo desigual: alguns episódios são frenéticos e empolgantes; outros, lentos e expositivos.

• Tom moral ambíguo: continua sendo uma série que divide o público — há quem veja genialidade, e há quem veja apenas caos estético.

Conclusão

A 2ª temporada de Hotel Hazbin é um salto criativo em quase todos os aspectos — mais ousada, emocional e visualmente deslumbrante. Mesmo com pequenos tropeços de ritmo e uma ambição que às vezes ultrapassa os limites da coesão, é inegável que a série se consolida como uma das animações adultas mais marcantes da atualidade.

É uma experiência infernal no melhor sentido da palavra: exagerada, provocante, musical e irresistivelmente caótica.

Nota: ★★★★☆ (4/5)

 
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