Poucos atores experimentaram o auge da fama tão cedo quanto Emma Watson. Para toda uma geração, ela será sempre a inteligente e destemida Hermione Granger, a bruxa que salvava o trio com lógica e coragem. Mas, depois do fim da saga Harry Potter, Emma desapareceu dos holofotes de Hollywood, e isso não foi por acaso.
O colapso silencioso
Crescer em Hogwarts não foi fácil. Emma tinha apenas 10 anos quando foi lançada ao mundo como Hermione, e sua infância passou diante das câmeras. Aos 21, quando o último filme chegou aos cinemas, ela já acumulava fortuna, fama e… exaustão. Em uma entrevista ela contou:
“Eu sentia que todo segundo da minha vida era controlado. O horário de acordar, de comer, até quando eu podia ir ao banheiro.”
Dá pra imaginar o peso disso para uma garota que mal tinha vivido a adolescência? O cansaço não era só físico, era emocional.
“Comecei a ser sexualizada pela mídia aos 14 anos.”
Enquanto Daniel Radcliffe e Rupert Grint podiam se esconder um pouco do radar, Emma Watson carregava o rótulo de “modelo perfeita” da indústria. Um fardo cruel para alguém que só queria atuar.
A pausa que virou recomeço
E aí veio a pandemia. Watson desapareceu das redes e avisou aos fãs: estava “quietamente passando o tempo com a família e tentando não espalhar o vírus”. Era o início de uma pausa que viraria um verdadeiro recomeço.
Mas o que começou como um retiro temporário acabou se transformando em um afastamento profundo de Hollywood, um tipo de desintoxicação emocional.
“Não sinto falta de vender filmes. Era algo destrutivo para mim.”.
E quem pode culpá-la?
Do tapete vermelho às causas sociais
Enquanto muita gente esperava o “grande retorno” de Emma Watson, ela estava ocupada com algo muito mais importante: usar sua voz para mudar o mundo. Em 2014, foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres e lançou o movimento HeForShe, convidando homens a participarem ativamente da luta por igualdade de gênero.
A Hermione que amava livros virou uma mulher que lutava por acesso à educação, sustentabilidade e empoderamento real. Durante a pandemia, Emma se envolveu com o sistema de saúde britânico, apoiando o NHS e campanhas para que as pessoas respeitassem o isolamento.
“Minha avó é vulnerável, minha mãe é diabética e minha melhor amiga trabalha na linha de frente. Eu fico em casa por elas.”
A ativista que nasceu de Hermione
Nos últimos anos, Emma Watson também mergulhou em pautas ambientais. Criou projetos de moda sustentável, escondeu livros sobre mudança climática em Glasgow durante a COP26 e defendeu abertamente causas políticas delicadas, como a situação em Palestina. A postura rendeu críticas, mas também respeito.
E no meio de tudo isso, ela fez algo que a indústria raramente permite: silenciou os aplausos para ouvir a própria voz.
Uma nova Emma Watson: entre Oxford e o gin artesanal
Longe dos sets, Emma encontrou um novo tipo de palco: o da vida real. Em 2023, ela voltou a estudar, agora, fazendo um mestrado em Escrita Criativa em Oxford. Pouco depois, trocou o curso por um doutorado (DPhil), mostrando que sua curiosidade é tão insaciável quanto a de Hermione.
Os colegas dizem que ela é discreta, frequenta cafeterias com o namorado e aparece nas festas como qualquer estudante comum. Um luxo raro para quem cresceu sem anonimato.
Mas não é só isso. Emma também se reinventou como empresária, fundando com o irmão a marca de gin sustentável Renais, feita a partir de resíduos da vinicultura da família. O produto conquistou prêmios na Europa e expandiu para os Estados Unidos.
O retorno pode estar mais perto do que parece
Recentemente, Emma Watson apareceu no Festival de Cannes 2025, despertando rumores de um retorno. Em entrevista a Vogue, a atriz revelou:
“Senti falta da arte, mas não da venda de filmes.”
Ela não descarta voltar a atuar, mas, se o fizer, será em seus próprios termos. Afinal, como ela mesma declarou em um post sobre sua fase, tentando entender quem era fora das câmeras.
“Aprendi a me permitir errar, mudar e viver para mim, não para os outros.”
Hoje, aos 35, Emma Watson vive entre estudos, ativismo e projetos pessoais. E se um dia decidir voltar às telas, o mundo vai estar de braços abertos.