ALERTA: Esta crítica comenta elementos da história e personagens no filme Chainsaw Man: O Filme - Arco Da Reze. Não revelamos reviravoltas, mas certos pontos podem ser interpretados como spoilers.
Se você entrar no cinema esperando apenas uma sequência de motosserras, sangue e expressões exageradas, há uma chance real de Chainsaw Man: O Filme – Arco Da Reze te pegar desprevenido.
Antes da carnificina, e ela vem, em cores psicodélicas e ritmo frenético, o filme constrói algo inesperado: um amor jovem, doce e desastrado, daqueles que parecem impossíveis de existir, mas que o anime insiste em nos fazer acreditar por alguns minutos.

Denji apaixonado
Denji está apaixonado. Claro, ele sempre esteve, ou acreditou estar, por Makima, sua chefe tão enigmática quanto inatingível. Mas Reze entra em sua vida de forma tão simples, que até parece destino. Um café. Um sorriso. Uma conversa sobre nadar. E de repente, o garoto que pode se transformar em uma motosserra tem medo de mergulhar na piscina.
A primeira metade do filme é surpreendentemente sensível, com o diretor Tatsuya Yoshihara decidindo desacelerar. Ele deixa o romance respirar e a câmera observa os olhares que duram mais do que deveriam. Tudo aqui é caloroso, íntimo e quase inocente, mesmo que o público, especialmente quem conhece Chainsaw Man, saiba que algo está errado.

Quando o amor colide com o horror
E então vem a queda. Reze não é quem parece ser e Denji não sabe lidar com a ideia de que aquilo que sentiu talvez fosse unilateral, estratégico, cruel. Quando a violência explode, ela não é gratuita: ela é emocional. Cada golpe dói porque carrega significado. É amor sendo triturado.
Não há discurso moral. Não há mensagem sobre certo ou errado. Não há “aprendizado”. O que existe é: Viver rápido, sentir demais e destruir o que se ama porque não se sabe amar de outro jeito.
Chainsaw Man: O Filme – Arco Da Reze entende que juventude é exagero, sede, dor, amor e violência. E é por isso que funciona tão bem.

A animação da MAPPA
A MAPPA já havia mostrado no anime que entende o universo de Chainsaw Man não apenas como um espetáculo de ação, mas como um estado emocional, algo que pulsa, respira e sangra junto com seus personagens.
No cinema, esse conceito ganha outra escala. As cenas de batalha não parecem apenas elaboradas: elas são sensoriais, quase hipnóticas. As cores são saturadas, doces demais, como um sonho prestes a azedar.
A violência é frenética, brilhante e, ao mesmo tempo, profundamente trágica. Cada golpe é uma mistura de adrenalina e dor. Há também uma atenção impressionante aos detalhes: o modo como a água se espalha na piscina ou na luz de néon refletida no rosto de Reze.
No auge do confronto, o filme abraça um delírio estético que poderia facilmente soar exagerado, mas aqui encontra equilíbrio. A violência é grandiosa porque o sentimento é grandioso. O caos é bonito porque o amor que o antecede também era.
Chainsaw Man: O Filme – Arco Da Reze está disponível exclusivamente nos cinemas.

