Quem gosta das adaptações de Stephen King sabe bem que nada nunca é simples ou comum. O filme O Macaco (The Monkey), dirigido por Osgood Perkins, conhecido por Longlegs – Vínculo Mortal, entrega um final caótico e carregado de mortes bizarras. Para os fãs de suspense, o final dessa história traz elementos que merecem uma análise mais detalhada.
Uma reconciliação trágica e fatal
O filme acompanha os irmãos Hal e Bill, cuja relação conturbada é central à trama. Bill (Christian Convery quando jovem) sempre guardou rancor pelo desejo infantil de seu irmão Hal (Theo James adulto) de vê-lo morto, desejo esse potencializado pelo macaco de brinquedo amaldiçoado que ganha vida e provoca mortes terríveis.
Após inúmeras tentativas de vingança, Bill contrata Ricky para recuperar o macaco, na esperança de finalmente eliminar Hal. Porém, Ricky é morto tragicamente quando um enxame de abelhas entra em sua boca. Desesperado, Bill percebe que seu plano falhou mais uma vez e, num impulso, sacode violentamente o macaco, desencadeando uma sequência de eventos fatais.
A reconciliação entre os irmãos acontece num momento decisivo, quando Bill estende finalmente a mão para ajudar Hal. Mas o alívio dura pouco: um mecanismo escondido dispara uma bola de boliche que pertencera à mãe deles, decapitando Bill instantaneamente. A ironia dessa morte acentua a mensagem do filme: a morte é imprevisível e inevitável.
Quem é o cavaleiro pálido?
Na cena final, Hal vê um misterioso cavaleiro pálido passando. Essa figura é uma clara referência bíblica ao Apocalipse 6:8, simbolizando a própria morte. O diretor Perkins afirmou que essa inserção foi proposital, enfatizando o caos e a inevitabilidade mortal que dominam a trama.
Essa referência também traz um tom ainda mais sombrio ao encerramento do filme, deixando claro para o espectador que todas as mortes ocorridas são resultado direto das ações ligadas ao macaco, reforçando a temática central sobre a imprevisibilidade da morte.
Por que Hal decide guardar o macaco?
Ao invés de destruir o brinquedo, Hal decide levá-lo consigo para garantir que ninguém mais tenha acesso a ele. O protagonista já testemunhou mortes suficientes causadas pelo macaco e entende que deixá-lo disponível seria extremamente perigoso. A decisão de mantê-lo perto, controlado e seguro, é a maneira que Hal encontra para evitar novos desastres.
Além disso, essa decisão abre portas para possíveis continuações, uma vez que o macaco permanece uma ameaça constante enquanto existir, mantendo o suspense vivo para o público sobre os próximos passos do personagem.
A morte irônica e trágica de Bill
Bill passa toda a vida desejando vingança contra o irmão. Sua morte por decapitação pela bola de boliche de sua mãe é uma ironia cruel. Além disso, simboliza como a obsessão pela vingança o impediu de realmente viver e aproveitar o presente.
Sua morte abrupta não apenas choca pela violência, mas também traz uma reflexão profunda sobre as consequências devastadoras que desejos mal resolvidos podem causar na vida das pessoas, especialmente quando alimentados por raiva e ressentimento.
O mistério do desaparecimento do pai
Capitão Petey Shelburn (Adam Scott), pai de Hal e Bill, aparece brevemente tentando destruir o macaco com um maçarico. Após esse evento, desaparece misteriosamente. Fica subentendido que ele teria abandonado a família para protegê-los do brinquedo mortal, reforçando a tragédia familiar que acompanha os personagens ao longo da trama.
O sumiço do personagem acrescenta uma camada extra de mistério ao filme, deixando dúvidas sobre o verdadeiro destino e intenções do pai dos protagonistas, e abrindo espaço para possíveis explorações futuras desse enredo.
Como o filme difere do conto original?
Na obra original de Stephen King, Hal e seu filho Petey jogam o macaco num lago para livrarem-se dele, resultando na morte de centenas de peixes. No filme, a decisão de Hal manter o brinquedo amaldiçoado consigo é uma mudança significativa, criando espaço para possíveis sequências cinematográficas, expandindo o mistério e potencializando os elementos de terror.
Essa adaptação também inclui outros elementos inéditos, como a existência do irmão Bill e a presença do cavaleiro pálido, que aprofundam o simbolismo e os conflitos familiares, destacando o estilo próprio do diretor Perkins.
Possibilidades de sequências e outras abordagens
Com o macaco ainda em posse de Hal, há espaço para uma continuação explorando novos personagens ou outros objetos amaldiçoados. O diretor Perkins deixou propositalmente aberta a possibilidade de uma expansão do universo criado, incluindo também histórias paralelas ou prelúdios que poderiam explorar o passado obscuro do pai dos protagonistas.
Essas possibilidades mantêm o público curioso e engajado, abrindo caminho para diversas abordagens narrativas que podem enriquecer ainda mais o universo assustador e intrigante criado a partir do conto de Stephen King.
O Macaco reforça uma mensagem simples, mas profunda: a morte é inevitável, aleatória e incontrolável. Não importa as intenções ou desejos dos personagens, o destino sempre age de forma implacável e inesperada.
O macaco encontra-se disponível exclusivamente nos cinemas.