Quando o Universo Cinematográfico da Marvel foi oficialmente fundado, em meados de 2008, não se imaginava onde a franquia dos heróis poderia chegar. Hoje, com mais de 35 filmes e muito mais consolidado, o MCU conquistou a liberdade de criar cada vez mais histórias, mas também a maldição pela forma como decide contá-las. E se Capitão América: Admirável Mundo Novo tinha a possibilidade de trazer novos ares para a franquia, ele acaba desperdiçando-a.
Seguindo os eventos de Falcão e o Soldado Invernal, vemos Sam Wilson (Anthony Mackie) lidando com a pressão do escudo de Steve Rogers (Chris Evans) pela primeira vez. Enquanto enfrenta o peso de assumir o manto do Capitão América, Sam enfrentará ameaças bem diferentes das que já enfrentou, inclusive sua própria autoconfiança.
É nítido que, enquanto o filme se aproxima ao gênero de thriller político, ele explora algo que faz falta nas produções atuais da Marvel: a coragem em arriscar. Esse risco, nesse caso, é bem-vindo e traz um frescor para uma trama que com potencial de abrir novos rumos para o futuro do herói. Porém, ao cair na fórmula já desgastada do MCU, acaba se tornando mais um filme genérico e sem personalidade.
Entre tramas perdidas e boas cenas de ação – com destaque para a sequência que inicia o filme –, encontramos também um elenco um tanto desperdiçado. Se Harrison Ford conquista seu espaço como Thaddeus Ross com extremo carisma, vemos Tim Blake Nelson e Giancarlo Esposito jogados como meros coadjuvantes que nada acrescentam a trama. Os dois vilões do longa nada mais são que fantoches desnecessários, que entram na franquia com a promessa de continuarem suas histórias, mas que provavelmente serão deixados de lado com o excesso de personagens acrescentados a cada nova produção.
![Capitão América 4](https://uploads-observatoriodocinema.seox.com.br/2025/02/captain-america-brave-new-world-anthony-mackie-1-1024x512.jpg)
Sam Wilson finalmente se torna o protagonista
Apesar dos pesares, é impossível não se encantar pela persona que Sam Wilson se tornou ao longo de sua jornada no MCU. De companheiro de Steve Rogers até Capitão América, Mackie aproveita seu carisma para entregar uma de suas melhores performances na saga. Sam é muito mais incisivo que Rogers, mas também muito mais coerente ao questionar sua humanidade e seus poderes – ou no caso, a ausência deles.
Além disso, o intérprete de Sam é capaz de exalar química com praticamente todos os atores em cena, fazendo que cenas que poderiam não significar nada se tornem um deleite de serem vistas. Esse é realmente o momento de Sam na franquia, um momento que poderia ter sido melhor aproveitado se as decisões óbvias não se repetissem mais uma vez.
Capitão América: Admirável Mundo Novo entrega muito mais perguntas do que respostas, que podem (ou não) serem respondidas nas próximas produções do Marvel Studios. Mas para um longa que parecia entregar tanto potencial, é triste dizer que seu enredo morno não faz jus ao herói que Sam Wilson se tornou.