Controverso

Esse filme de 1933 gerou tanta polêmica que foi denunciado até pelo Papa

Êxtase chegou a ser proibido em alguns países

Êxtase
Êxtase

A história do Cinema está repleta de filmes que foram banidos, ou que causaram polêmica quando foram lançados. Mas não é todo longa-metragem que chegou a ser denunciado pelo Papa. Vamos ver por que Êxtase, de 1933, gerou tanta controvérsia.

O filme foi comandado pelo diretor tcheco Gustav Machatý e deixou o Papa Pio XI particularmente chateado. E por que isso?

Porque o longa-metragem conta com aproximadamente um minuto de nudez e cena retratando o orgasmo feminino.

Embora o filme seja extremamente suave para os padrões modernos, as pessoas eram muito menos relaxadas com relação à nudez e à sexualidade (especialmente a sexualidade feminina) há 90 anos, e Êxtase é geralmente considerado o primeiro filme não pornográfico a retratar a relação sexual e o orgasmo feminino.

O que se seguiu foi uma série de controvérsias, desde a atriz principal Hedy Lamarr (conhecida na época como Hedy Kiesler) alegando ter sido enganada para fazer as cenas de nudez, até o marido traficante de armas tentando comprar todas as cópias do filme, passando por proibições em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos, conforme o Collider.

A exibição de sexo e nudez em filmes começou essencialmente assim que a tecnologia foi inventada – é até anterior à tecnologia cinematográfica, com Eadweard Muybridge utilizando imagens de nudez em seu zoopraxiscópio já na década de 1880.

Êxtase não é excessivamente explícito, principalmente para os padrões modernos, e a nudez que aparece na tela é breve. O principal culpado é uma cena de alegria e libertação em que Eva (Lamarr), livre de seu casamento curto e sem amor com Emil (Zvonimir Rogoz), vai para a floresta nadar.

Quando seu cavalo foge com suas roupas nas costas, Eva o persegue e é brevemente exposta ao público e a Adam (Aribert Mog). O que se segue é uma relação de paixão entre Eva e Adam, que é o oposto de seu casamento celibatário com Emil.

Cena de Êxtase
Cena de Êxtase

Filme gerou muita polêmica

Após uma exibição no Festival de Cinema de Veneza em 1934, onde Machatý ganhou o prêmio de melhor diretor, o Papa Pio XI denunciou o filme, resultando em uma proibição na Itália – Benito Mussolini supostamente solicitou uma exibição particular.

O filme também foi proibido na Alemanha, embora o fato de Hedy Lamarr ser judia provavelmente não tenha ajudado nesse aspecto. Nos EUA, o filme foi condenado pela National Legion of Decency (legião nacional da decência).

Apesar de 10 meses de lobby, o filme não recebeu um selo de aprovação nos EUA, o que significava que não poderia ser lançado em grande escala.

O censor Joseph Breen teve uma opinião bastante dramática sobre o filme, chamando Êxtase de “altamente – e até perigosamente – indecente”.

Embora o filme não pudesse ser visto amplamente sem o selo do Código Hays, a distribuidora ainda tentou exibi-lo em cinemas de arte em todo o país, com pouco sucesso.

A polêmica não parou com os censores. A própria Lamarr alegou ter sido enganada por Machatý, pois a nudez não constava do roteiro. De acordo com Lamarr, as cenas de nudez na floresta deveriam ser apenas tomadas longas, e os closes foram feitos com lentes teleobjetivas, contra sua vontade.

No entanto, outros membros da produção contestaram suas afirmações, com um membro da equipe citado no livro Hedy Lamarr: The Most Beautiful Woman in Film, de Ruth Barton, como tendo dito: “Como estrela do filme, ela sabia que teria que aparecer nua em algumas cenas. Ela nunca fez nenhum alarde sobre isso durante a produção.”

 

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