Entenda

Odiaram a série? O que os membros reais da família Guinness disseram sobre House of Guinness

Os comentários da família sobre a produção revelam o que eles realmente acharam da história

Odiaram a série? O que os membros reais da família Guinness disseram sobre House of Guinness

Toda família poderosa guarda histórias que, com o tempo, se tornam parte do imaginário popular e, quando o entretenimento decide transformá-las em ficção, as reações quase sempre variam entre o orgulho e o desconforto. Com a estreia de House of Guinness, da Netflix, não foi diferente.

Entre o fascínio do público e as críticas pela forma como o drama aborda a trajetória da família, alguns herdeiros do império Guinness decidiram se pronunciar, e as opiniões sobre o retrato televisivo de seus antepassados estão longe de ser unânimes.

Ivana Lowell levou a história da própria família

A produtora executiva Ivana Lowell, descendente direta dos Guinness, foi a única integrante da família a participar ativamente da criação de House of Guinness. Em entrevista à Vanity Fair, ela contou que a ideia do projeto surgiu durante uma reunião familiar em que o sucesso Downton Abbey passava ao fundo.

Ao notar o potencial dramático da própria linhagem, Lowell começou a desenvolver um tratamento baseado nas histórias que ouviu ao longo da vida, material que acabaria chegando às mãos de Steven Knight, criador de Peaky Blinders.

Lowell acompanhou todo o processo, do primeiro esboço ao lançamento na Netflix. Ela garantiu que “na nossa família, tudo é possível, ontem e hoje”, afirmando que muitos dos acontecimentos retratados na série realmente existiram, ainda que adaptados para o formato televisivo.

Daphne Guinness considerou a série uma experiência “surreal”

Outra voz que comentou o impacto de House of Guinness foi a estilista e artista Daphne Guinness. Embora não tenha participado da produção, ela falou sobre a experiência em entrevista à revista Grazia. Segundo Daphne, ver o sobrenome da família transformado em uma série de época foi algo “bastante surreal”.

Ela descreveu o legado Guinness como uma “bênção e uma maldição”, destacando o peso de carregar um nome tão associado à nobreza e ao dinheiro. A estilista contou ainda que os parentes planejaram assistir juntos à série, curiosos para descobrir se algum “mistério familiar” seria revelado, ou inventado, pela ficção.

Molly Guinness criticou o retrato “caricato” da família

Nem todos receberam a série com entusiasmo. Molly Guinness, jornalista e escritora, publicou no jornal The Times uma crítica contundente sobre o modo como a família foi retratada. Para ela, House of Guinness distorce a verdade em nome da dramaturgia, reduzindo figuras complexas a estereótipos de aristocratas excêntricos.

Molly se incomodou com detalhes que vão da aparência física dos personagens até sua personalidade. Segundo ela, Benjamin Guinness, cujo falecimento inicia a trama, era, na realidade, um homem generoso e afetuoso, o oposto da figura fria mostrada na tela. A jornalista também contestou a maneira como a série inventa romances e insinua a homossexualidade de Arthur Guinness, apontando que tais liberdades criativas afastam o público da verdadeira história familiar.

Jack Guinness elogiou o olhar político da trama

Em contraponto, Jack Guinness publicou no The Standard um texto elogiando a produção. Para ele, House of Guinness soube equilibrar o drama familiar com as tensões políticas e religiosas da Irlanda do século XIX, um contexto que, segundo ele, sempre esteve ligado ao destino dos Guinness.

Jack reconheceu que o foco narrativo surpreende, por não girar em torno do fundador da cervejaria, Arthur Guinness, mas dos descendentes que herdaram seu império. Ainda assim, considerou a abordagem relevante e destacou a importância da série em explorar novas perspectivas, sobretudo pela inclusão de temas antes silenciados pela história.

Reações divididas entre tradição e modernidade

As opiniões divergentes entre Molly e Jack Guinness ilustram o desafio de adaptar histórias reais para o audiovisual. Enquanto alguns enxergam a série como uma oportunidade de revisitar um legado sob um olhar contemporâneo, outros veem nela uma deturpação de fatos e valores que moldaram a identidade da família.

Daphne, por sua vez, parece ocupar um meio-termo entre esses extremos, reconhecendo o estranhamento, mas também o fascínio de ver a própria linhagem ganhar vida em uma superprodução da Netflix.