Quem assistiu a Código Preto já sabe: não é daqueles filmes para ver mexendo no celular. É rápido, cheio de diálogos e pistas escondidas. A cada minuto, alguém mente, alguém manipula e alguém duvida de quem está ao lado. Então, se você terminou sem entender direito quem traiu quem, respira fundo, vou destrinchar o final para você.
A traição que vinha do topo
No começo, parece que todo mundo pode ser o traidor: Kathryn, George, colegas da agência… mas o grande vilão sempre esteve lá em cima. Arthur Stieglitz, interpretado por Pierce Brosnan, é quem manda vazar a arma cibernética Severus para os russos.
E sabe o mais absurdo? Ele não faz isso por ganância, mas por aquela típica lógica torta de espião veterano: criar um caos controlado para justificar a intervenção militar do Ocidente. O detalhe é que ele precisava de alguém disposto a sujar as mãos, e aí entra James Stokes, o segundo em comando.
Ou seja, não era sobre um agente qualquer vendendo segredos, era um plano arquitetado para jogar nações inteiras num jogo perigoso. Quem aí não lembrou de clássicos como O Espião que Sabia Demais, onde a ameaça não vem de fora, mas de dentro?
George contra Kathryn: amor ou suspeita?
O coração do filme está nesse dilema: George (Michael Fassbender) começa a desconfiar da própria esposa, Kathryn (Cate Blanchett). Tudo porque Stokes planta provas falsas, inclusive uma conta em Myanmar no nome de “Margaret Langford” com milhões de dólares.
Aí vem o dilema: será que ela vendeu o Severus? Será que se aliou aos russos? O espectador sente a mesma dúvida que corrói George, e isso é genial. O casamento deles vira um tabuleiro de xadrez, e cada olhar pode ser uma mentira.
Mas no fundo, esse é o truque mais cruel de Arthur e Stokes: colocar marido e mulher um contra o outro. Porque se eles se destruíssem, ninguém jamais descobriria os verdadeiros culpados. Já parou para pensar o quanto de confiança é preciso ter para sobreviver a esse tipo de manipulação?
A virada no jantar
O clímax chega num jantar que vira praticamente um tribunal improvisado. George consegue arrancar de Stokes a confissão de que tudo não passou de uma armadilha. Nervoso, Stokes até tenta reverter o jogo, mas aí Kathryn assume o protagonismo: é ela quem dispara o tiro fatal.
E aqui está o detalhe simbólico: antes, a cena mostrava balas de festim, blefes e armas descarregadas. Mas no momento decisivo, a única bala real é disparada por Kathryn. Não é apenas o fim de Stokes, é a prova de que ela nunca foi a traidora que quiseram pintar.
É aquele instante em que você pensa: “então eles estavam juntos o tempo todo”. E é esse o tipo de reviravolta que dá gosto de ver.
O verdadeiro sentido do final de Código Preto
No fim das contas, Código Preto não é só sobre espionagem ou hackers. É sobre confiança. O filme martela a ideia de que, num mundo onde todos mentem, o único vínculo que pode sobreviver é o íntimo.
George e Kathryn passam o filme todo sendo testados, mas saem do outro lado com a certeza de que podem confiar um no outro. É rápido, é intenso e termina quase sem dar tempo de respirar, e é justamente isso que dá impacto.
Não tem discurso longo, não tem enrolação: o filme fecha como se alguém batesse a tampa de uma caixa. E você fica ali, pensando: será que daria para confiar em alguém, se fosse eu nessa situação?
Código Preto está disponível na Prime Video.