Sombra e Ossos foi uma daquelas séries que chegaram sem fazer muito barulho, mas conseguiram construir uma base fiel de fãs ao longo do tempo. Ambientada em um universo repleto de magia, a produção chamou a atenção pela riqueza do seu mundo e pela forma como apresentou suas personagens de forma complexa e envolvente.
Mesmo entre tantas opções de fantasia no catálogo da Netflix, poucas conseguiram atingir o nível de qualidade que Sombra e Ossos alcançou. Enquanto o streaming tem um histórico instável no gênero, com produções que vão do esquecível ao excelente, esta série conquistou um espaço especial entre os assinantes.
Uma adaptação ambiciosa de uma saga literária
Baseada nos livros da escritora Leigh Bardugo, Sombra e Ossos não se limita a adaptar uma única obra. A série começa pela trilogia original formada por Sombra e Ossos, Sol e Tormenta, e Ruína e Ascensão, mas também incorpora elementos da duologia Six of Crows, ampliando o universo conhecido como Grishaverso.
A produção toma algumas liberdades em relação às obras originais, especialmente na segunda temporada, mas isso não compromete a experiência. Pelo contrário, ajuda a tornar a narrativa mais coesa e acessível para quem não leu os livros.
Outro destaque da série é a forma como ela constrói seus personagens. Alina Starkov, a protagonista, é uma jovem que se vê no centro de uma guerra entre poderes sobrenaturais e interesses políticos, mas é ao redor dela que surgem personagens ainda mais intrigantes, como o misterioso Darkling e os carismáticos integrantes dos Crows.
Magia, mitologia e um mundo dividido
Um dos grandes trunfos de Sombra e Ossos está em seu sistema de magia. A série apresenta os Grisha, pessoas com habilidades especiais divididas em três ordens principais: Corporalki, Etherealki e Materialki. Essa divisão não apenas define seus poderes, mas também estrutura a sociedade em que vivem.
O universo da série tem como ponto central o reino de Ravka, separado por uma fenda sombria chamada Dobra das Sombras. Essa região, dominada por criaturas mortais e envolta em escuridão, representa um obstáculo físico e simbólico, reforçando as tensões políticas e sociais entre os povos.
Mesmo com uma mitologia complexa, a narrativa consegue apresentar as regras desse mundo de forma gradual e natural. Isso torna a imersão mais fácil e permite que os espectadores se envolvam rapidamente com os conflitos e dilemas dos personagens.
Um cancelamento que deixou pontas soltas
Apesar da boa recepção, Sombra e Ossos foi mais uma vítima das decisões abruptas da Netflix. A série foi cancelada em 2023, após duas temporadas, mesmo com um sólido desempenho e potencial para expandir ainda mais o Grishaverso.
Segundo o site Variety, o cancelamento teve como causa principal a combinação de audiência aquém do esperado, custos elevados e atrasos na produção decorrentes das greves da WGA e SAG-AFTRA. Ainda assim, a decisão gerou frustração em muitos fãs.
O final da segunda temporada indicava novos rumos para Alina, com o surgimento de novos poderes e o aumento da ameaça dos inimigos. Além disso, os Crows ganharam mais espaço e deixaram claro que suas próprias aventuras estavam apenas começando.
Vale a pena assistir Sombra e Ossos?
Mesmo sem uma conclusão definitiva, Sombra e Ossos é uma série que merece ser vista. Seu universo bem construído, personagens carismáticos e trama envolvente fazem dela uma das melhores opções de fantasia disponíveis atualmente na Netflix.
Para quem gosta de séries com mitologias complexas, intrigas políticas e cenas de ação bem coreografadas, esta é uma excelente escolha. E mesmo que a história tenha sido interrompida na televisão, os livros de Leigh Bardugo estão lá para quem quiser continuar explorando esse universo.
Sombra e Ossos é uma daquelas séries que mereciam ter ido mais longe, mas que ainda assim deixaram uma marca importante no gênero. Uma verdadeira joia escondida para quem está em busca de uma boa história de fantasia.