O encerramento da segunda temporada de The Last of Us provocou debates intensos com uma cena final inesperada. Com um disparo repentino seguido de tela preta, a série encerrou seu sétimo episódio deixando a dúvida de se Ellie está viva ou não.
O gancho usou uma das estratégias narrativas mais clássicas da televisão, mas isso levantou questionamentos sobre os rumos que a série pretende seguir a partir daqui. A resposta, no entanto, está mais ligada à estrutura do jogo do que a um real desfecho.
A cena que chocou o público
No episódio final, Ellie invade o aquário de Seattle em busca de informações sobre Abby. Ao matar Owen e Mel, ela desencadeia uma caçada que culmina na emboscada do grupo de Jackson no teatro. Durante o confronto, Abby mata Jesse, fere Tommy e, ao descobrir que Ellie é a responsável pelas mortes, aponta sua arma para ela.
Antes que possamos ver o desfecho, um disparo é ouvido e a imagem corta. Em seguida, a narrativa se desloca para o estádio do WLF, sinalizando uma mudança de ponto de vista.
Apesar da tensão do momento, tudo indica que Ellie ainda está viva. A própria estrutura do jogo reforça essa teoria. Em The Last of Us: Parte II, é após o confronto no teatro que a perspectiva se volta para Abby, e a história recomeça do “Dia 1 em Seattle”.
Matar Ellie não seria uma escolha inteigente, nem estratégica. Ainda há muitos momentos do jogo que não foram adaptados e a confirmação da terceira temporada pela HBO é um grande indício do retorno da personagem.
Um recurso para mudar o foco
A decisão de encerrar a temporada com esse cliffhanger também tem função narrativa. No jogo, o confronto no teatro marca a divisão entre os pontos de vista de Ellie e Abby. Como a série precisa adaptar essa transição com outro ritmo, a solução foi utilizar o disparo como gancho.
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A expectativa é que a terceira temporada comece com a perspectiva de Abby, explorando sua jornada ao lado de Lev antes de retomar a trama com Bella Ramsey. Assim, o combate entre as duas ganharia ainda mais carga emocional quando finalmente acontecer.
A decisão de continuar pelo ponto de vista de outra personagem segue a estrutura do jogo, que dedica uma parte significativa do tempo às experiências dela após a perda dos amigos.
Abby ganha espaço como protagonista
Embora Ellie deva ficar temporariamente ausente, seu arco não será interrompido. A pausa servirá para mostrar o que Abby enfrentou até o ponto do reencontro.
Essa mudança narrativa é necessária para que a série consiga passar a grande mensagem do jogo que, de certa forma, não foi bem fixada ao longo da segunda temporada.
The Last of Us Parte II fala sobre ciclos de violência, a busca desenfreada por vingança e como em um mundo onde a sobrevivência é o mais importante, nem tudo é preto no branco.
Para isso acontecer, o público terá que ser envolvido pela trajetória de Abby, conhecendo mais sobre a personagem, suas vivências, seus amigos e seu caráter. Abby não é vilã, e caberá a terceira temporada mostrar isso.
Quanto à Ellie, existe a chance de só voltarmos a vê-la ao final da próxima fase.
