Como Wade Wilson/Deadpool (Ryan Reynolds) ironiza em Deadpool e Wolverine, o Universo Cinematográfico da Marvel está atualmente “em um ponto baixo”. Embora produções como Guardiões da Galáxia Vol. 3, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e Lobisomem por Noite mostrem que a fase atual ainda possui momentos de brilho, as Fases 4 e 5 da franquia têm sido marcadas por uma quantidade surpreendente de tropeços.
Filmes como Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, Thor: Amor e Trovão e The Marvels, além da série Invasão Secreta, estão entre os projetos mais mal recebidos do MCU até hoje. Mesmo Capitão América: Admirável Mundo Novo, ainda não lançado, já enfrenta resistência e ceticismo por parte do público e da crítica. Muitos desses títulos têm apresentado uma recepção mista ou negativa, distante da aclamação quase unânime que os lançamentos da Marvel recebiam até meados de 2019.
Com a Fase 6 programada para começar com o Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, torna-se urgente uma reavaliação criativa por parte do estúdio. O MCU precisa encontrar um novo equilíbrio entre inovação e coerência narrativa, resgatando a confiança do público e o entusiasmo que definiu sua fase áurea. A franquia ainda tem capital simbólico e personagens queridos, mas precisa saber como utilizá-los com propósito.
Embora existam muitos problemas estruturais e criativos a serem enfrentados, há ao menos 11 estratégias claras que poderiam recolocar o MCU nos trilhos. Algumas delas tratam diretamente dos erros mais gritantes das Fases 4 e 5, enquanto outras dizem respeito a questões que a franquia arrasta desde antes do diagnóstico ácido feito por Deadpool. O fato é que o MCU atual está a galáxias de distância da grandiosidade vista em Vingadores: Ultimato, mas ainda há tempo — e caminhos — para restaurar seu prestígio cultural e criativo.
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo e os dois filmes do Aranhaverso já exploraram o conceito de multiverso no cinema de maneira tão criativa e impactante que as tentativas do MCU nas Fases 4 e 5 acabaram parecendo redundantes. Ainda que essas produções não existissem, as incursões multiversais da Marvel Studios continuariam decepcionantes.
Em vez de utilizar o multiverso para contar histórias independentes e envolventes ou criar visuais verdadeiramente únicos, o MCU tem usado esse recurso, em grande parte, como uma desculpa para inserir participações especiais de antigos filmes de super-heróis lançados antes de 2008. Essa abordagem gerou momentos empolgantes e nostálgicos para o público, como em Deadpool e Wolverine, mas também restringiu profundamente o potencial criativo de explorar realidades alternativas.
Até agora, o multiverso do MCU se limitou a revisitar personagens já conhecidos, ao invés de apresentar ideias novas e provocantes. Com exceções pontuais, como em “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, o conceito multiversal tem se mostrado mais um obstáculo do que um catalisador de emoção nas fases recentes da franquia. Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, por exemplo, mergulhou tão profundamente nas ameaças e viagens interdimensionais que acabou esvaziando seus personagens de qualquer humanidade genuína.