A segunda temporada de Andor começou com três episódios intensos. Ambientada cerca de um ano após a rebelião em Ferrix, a nova fase da série Star Wars retoma a narrativa mostrando Cassian em uma missão arriscada: roubar um protótipo de TIE Avenger e entregá-lo a Luthen. Mas o plano é interrompido quando ele descobre que velhos aliados estão em perigo.
O reencontro com o passado o leva ao planeta Mina-Rau, onde o Império intensifica sua presença. Os primeiros episódios constroem uma nova tensão, focando não apenas nos movimentos estratégicos da Rebelião, mas também nas consequências do conflito. A narrativa se aproxima ainda mais da realidade, revelando o lado menos heroico da resistência.
A verdade amarga sobre o custo da resistência
O arco inicial termina com uma perda significativa: Brasso é morto por stormtroopers ao tentar ajudar Cassian, Bix e Wilmon a escaparem de Mina-Rau. Cassian consegue salvar Bix e Wilmon, mas não há tempo para luto. A dor precisa ser reprimida.
Esse momento, além de expor a brutalidade já conhecida do Império, também revela uma face sombria da Rebelião: aliados podem ser descartados se isso significar avançar na causa.
Esse tipo de pragmatismo já havia sido insinuado em Rogue One, quando Cassian mata um informante para evitar ser capturado. Em Andor, esse tipo de escolha é aprofundado. O peso emocional de perder um amigo é abafado pela urgência da luta, mostrando que mesmo os protagonistas são forçados a deixar a empatia de lado.
O impacto da batalha em Mina-Rau também atinge os moradores do planeta. O apoio dado a Bix e seus aliados resulta em represálias, com a destruição de estruturas locais e mortes de soldados imperiais, o que certamente trará consequências severas. A narrativa destaca o quanto a população comum paga o preço da guerra mesmo sem estar na linha de frente.
Mon Mothma e os sacrifícios silenciosos
Em paralelo aos eventos de Cassian, acompanhamos Mon Mothma em Chandrila, lidando com as dores de suas escolhas. Sua filha é forçada a se casar como parte de um acordo político com Davo Sculdun, tudo para garantir fundos para a Rebelião. A personagem, antes idealista, agora transita por territórios morais cada vez mais nebulosos.
Não bastasse isso, Mon ainda perde Tay Kolma, amigo de infância e aliado político. Ao tentar extorquí-la, Tay é eliminado por Cinta, seguindo ordens de Luthen. A frieza da decisão deixa claro que, na guerra contra o Império, nenhuma relação é sagrada. O resultado disso é uma Mon Mothma à beira do colapso, afogada em culpa e isolamento.
Mesmo estando no mesmo planeta que sua amante, Cinta é impedida de reencontrá-la por priorizar a missão. O distanciamento emocional imposto pela luta torna-se um dos temas centrais dos episódios, mostrando como o comprometimento com a causa exige renúncias cada vez maiores.
Quando a dor não pode mais ser ignorada
Um dos momentos mais fortes dos três primeiros episódios acontece em Mina-Rau, quando Bix é atacada por um guarda imperial. A tentativa de abuso é interrompida quando ela o golpeia com um martelo e logo em seguida é resgatada por Cassian.
Mostrar um ato tão cru é uma declaração do tom que Andor pretende seguir. A mensagem de que o Império não é apenas uma força de dominação política, mas também um sistema que perpetua violências cotidianas fica cada vez mais clara. Diante disso, a resistência passa a ser não apenas necessária, mas urgente.
No fim, o que esses episódios revelam é que lutar pela liberdade envolve perder pedaços de si. Cassian, Mon, Bix e tantos outros personagens vivem numa zona cinzenta, onde heróis precisam cometer atos condenáveis para impedir horrores ainda piores.
A nova temporada está disponível no Disney+, com novos episódios às terças-feiras.