Críticas

Crítica | O Último Cine Drive-In

Ir ao cinema é um dos programas mais gostosos de se fazer. Ir ao cinema e assistir a um filme bacana é melhor ainda. Ir ao cinema, assistir a um filme bacana e, ainda por cima, rever uma espécie de cinema em extinção no Brasil não tem comparação. Assim é o filme O Último Cine Drive-In.

Para aqueles que não sabem, drive-in é um cinema à céu aberto no qual as pessoas entram de carro e podem assistir aos filmes em exibição sentados dentro de seus automóveis ou sentados em cima deles. Um tipo de cinema no qual – como é dito em um momento na história – você assiste ao filme e vê as estrelas ao mesmo tempo.

Esta produção é dirigida por Iberê Carvalho. Nascido em Brasília, onde a história da produção se passa, Iberê deixa claro que queria realmente contá-la. Além de dirigi-la, ele escreveu o roteiro em conjunto com Zé Pedro Gollo e foi o produtor através da empresa da qual é sócio, Pavirada Filmes. E ele tinha razões de sobra para acreditar nesta história.

Como já foi dito, ela se passa em Brasília. A mãe de Marlombrando (o ator maranhense Bruno Nina, que participou da novela das 19h, Cheia de Charme), Fátima (Rita Assemany, de Central do Brasil e Abril Despedaçado) adoece e ele acaba tendo que leva-la à capital federal para se tratar. Por causa disto, o personagem acaba reencontrando o pai, Almeida (Othon Bastos, da novela das 21h da Rede Globo, Império e do clássico filme brasileiro do Cinema Novo, O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro), o proprietário do último Cine Drive-In do Brasil. Em decadência, o Cine Drive-In continua aberto graças à ajuda de Paula (Fernanda Rocha), na projeção e na lanchonete, e Zé (Chico Sant’anna) na entrada do estabelecimento, vendendo os ingressos.

O roteiro do filme é simples, mas muito bem construído. Equilibra bem os momentos mais densos com os mais leves, de uma forma poética, porém sem ser piegas. Não se abusa das referências cinematográficas. Algumas podem ser vistas sutilmente através de cartazes pendurados nas paredes do escritório e da residência de Almeida.

As interpretações de todos os atores – sem exceção – está muito boa. Othon Bastos e Bruno Nina conseguem transmitir a tensão existente entre os personagens do pai e do filho muito bem. Mas Rita Assemany, Fernanda Rocha e Chico Sant’anna não ficam atrás em matéria de carga dramática e atuação.

O diretor de fotografia, André Carvalheira, foi muito feliz ao saber aproveitar bem o sol do Distrito Federal e a iluminação proporcionada pela própria projeção do filme no drive-in. Assim, como a maneira de filmar está muito condizente com a história que é contada, seja através do uso de closes nos momentos certos e de ângulos de câmera. A trilha sonora acompanha a história sem, no entanto, se sobrepor a ela. Às vezes, lembra trilhas clássicas de filme de western.

O Último Cine Drive-In acabou sendo premiado no Festival Internacional de Cinema de Punta del Leste com os prêmios de melhor filme, melhor ator para Breno Nina, e melhor filme na escolha do Júri Jovem do festival. No Brasil, acabou de ganhar quatro Kikitos, do grande prêmio do Festival de Cinema de Gramado: melhor ator, melhor atriz coadjuvante, direção de arte e prêmio da crítica. Ele já tinha sido exibido no Festival Internacional de Cinema do Rio 2014. Na ocasião, a atriz Fernanda Rocha recebeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante.

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